“Acontece de passar mal, mas muitas das vezes o servidor nem relata por causa desse descaso em que a gente fica aqui. Já teve casos, mas não assim, com essa repercussão grande”, essas são falas Laisa Alves, que trabalha no ambulatório da saúde da mulher do HJK, e
A servidora relatou não saber que alimento do cardápio pode ter causado a intoxicação. Porém, nesta declaração, confirmou que se trata de uma questão recorrente. Os mais de 110 profissionais intoxicados alegam problemas gastrointestinais, como náusea, diarreia e vômito, além de cólicas.
Laisa contou que almoçou no hospital nessa quarta e durante a noite já começou a sentir mal-estar e náuseas, o que se prolongou até a manhã de hoje. Ela reclamou, ainda, da falta de atendimento na unidade de saúde.
“Eu fui à urgência, fiquei lá mais de uma hora e meia, não atenderam. Segundo eles, é superlotação. Mas eu estava lá em cima, não está superlotado, não tem esse quantitativo e muito servidor está até voltando para o setor por causa da demora. Fica difícil, porque aconteceu dentro do hospital e a gente não está tendo esse respaldo de ser atendido”, desabafou.
Sindicato denuncia más condições de alimentação
A intoxicação generalizada traz luz a outros problemas denunciados pelo Sind-Saúde/MG em relação à responsável pela alimentação do hospital. Segundo o sindicato, os funcionários alegam, por exemplo, má higienização dos utensílios.
Além disso, os servidores já apontam para uma sobrecarga no atendimento devido ao número de médicos e enfermeiros hospitalizados.
Neuza Freitas, diretora-executiva do Sind-Saúde/MG, especificou os problemas enfrentados pelos servidores no que diz respeito a alimentação do HJK.
“Nós temos problema com a alimentação no Júlia há anos. Já foram feitas diversos relatos com a imprensa. Nossos maiores problema são os vasilhames sujos, a qualidade da alimentação e, muitas das vezes esses, nós pedimos para trocar esses vasilhames. São bandejas, pratos, talheres muito sujos. As reclamações vêm de tempos, com todas as empresas terceirizadas praticamente”, apontou ela.
Hospital sofre com desfalque de funcionários
Neuza Freitas afirmou que, até o momento, não houve relatos de pacientes e acompanhantes intoxicados, apesar do serviço ser prestado pela mesma empresa. Segundo ela, o impacto aos pacientes se dá pelo desfalque de funcionários, já que boa parte dos servidores adoeceu.
“Os trabalhadores relatam um desfalque muito grande, porque, quando se trata de saúde, nós trabalhamos com escala montada. Um trabalhador que falta já desfalca a escala. Imagine um desfalque de mais de 110 trabalhadores. Eu estive no setor em que a pediatra está deitada, ela não tem condição de atender. É menos uma trabalhadora no local de trabalho. Temos técnicos de enfermagem, setor administrativo, médicos obstetras, vários gestores que tiveram que ir para casa devido à situação”, lamentou ela.
Fhemig emite nota
Em nota, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informa ter acionado a vigilâncias sanitárias municipal e estadual, equipes da medicina do trabalho e a empresa responsável pela alimentação no Hospital Júlia Kubitschek.
Leia, na íntegra:
“A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informa que, assim que foram identificados os primeiros relatos de sintomas gastrointestinais entre servidores do Hospital Júlia Kubitschek (HJK), todas as medidas previstas em protocolo foram imediatamente adotadas. As equipes da Medicina do Trabalho, Segurança do Paciente e a empresa responsável pela alimentação foram prontamente acionadas. As Vigilâncias Sanitárias Estadual e Municipal também foram notificadas e já estão conduzindo a investigação sanitária, com a coleta das amostras necessárias. Não houve relato de casos em pacientes e acompanhantes.
Até o momento, foram identificados aproximadamente 100 servidores com sintomas. Todos foram prontamente acolhidos e estão sendo acompanhados.
A Fhemig reitera seu compromisso com a segurança e o bem-estar de seus profissionais, pacientes e acompanhantes, mantendo rígidos protocolos de controle sanitário e vigilância interna. A situação está sendo monitorada de forma contínua pelas equipes técnicas da unidade.”
Alunos de escola técnica sofreram intoxicação alimentar após refeição
Um caso não relacionado, mas semelhante, foi registrado nessa terça-feira (7), quando pelo menos
A Vigilância Sanitária encaminhou amostras dos alimentos à Fundação Ezequiel Dias (Funed), onde serão analisadas como parte da investigação sobre o ocorrido.