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Familiares denunciam comida estragada, falta de água e doenças no Ceresp Gameleira, em BH

Denúncias citam abusos de policiais penais, além de descaso com saúde dos presos; Sejusp negou maus-tratos e abusos

Ceresp Gameleira, no bairro Gameleira, região Oeste de Belo Horizonte

Familiares de presos do Centro de Remanejamento (Ceresp) Gameleira, na Região Oeste de Belo Horizonte, denunciaram uma série de irregularidades na unidade prisional. Entre as queixas estão: comida estragada, falta de água e abuso de autoridade por parte de policiais penais. A reportagem da Itatiaia acompanhou um protesto na última semana, quando os parentes pediram uma reunião urgente com o diretor do presídio.

“Eles tiram os presos de madrugada das celas, colocam no pátio pelados, descalços, jogam água e dão socos na frente das visitas. Isso é desumano. Eles já estão pagando pelo crime que cometeram. Como vão sair daqui? Eles são seres humanos, não bichos”, relatou uma das parentes, que pediu para não ser identificada.

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Outro familiar afirmou que o parente doente não recebe assistência médica adequada. “Ele tem bronquite, asma, já teve tuberculose e sarna. Quero que ele pague pelo crime que cometeu, mas quero que seja devolvido vivo. Não quero receber uma ligação dizendo que ele morreu.”

As denúncias não se limitam aos presos. Parentes relataram que também sofrem com maus-tratos durante as visitas.

“A comida é péssima, os policiais xingam e maltratam. Eu mesma passei mal na visita e achei que meu coração ia parar. Eles não medicam quando o preso adoece. Sempre tem comida azeda e falta de água. O ser humano tem que ter ao menos a dignidade de beber água”, contou uma mãe, que também não quis se identificar.

Outro visitante acusou um policial penal de agressão. “Um carcereiro atirou uma garrafa PET na cabeça de uma visita. Além disso, batem nos presos e os colocam pelados nas celas. Isso é violar os direitos humanos.”

O que diz a Sejusp

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Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) negou as denúncias de maus-tratos e abusos. A pasta afirmou que a atuação da Polícia Penal segue a lei e as normas de segurança, e que não há registros oficiais de ameaças ou problemas na alimentação.

A secretaria ainda ressaltou que as revistas em visitantes e itens levados aos presos são procedimentos legais e preventivos e garantiu que toda suspeita de desvio de conduta é investigada com rigor.

Formado em jornalismo pela PUC Minas, foi produtor do Itatiaia Patrulha e hoje é repórter policial e de cidades na Itatiaia. Também passou pelo caderno de política e economia do Jornal Estado de Minas.