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‘Eu tenho nome, eu tenho direito': mulher trans morta em BH era militante e fazia projetos sociais

Cristina Maciel, 45, foi assassinada pelo ex-companheiro Mateus Henrique, de 24, que não aceitava o término; o suspeito foi preso pela PM

Agressões aconteceram no meio da rua e duraram 12 segundos

A mulher trans Cristina Maciel Oliveira, de 45 anos, espancada até a morte pelo ex-companheiro na Avenida Padre Pedro Pinto, em Venda Nova, em Belo Horizonte, era militante de projetos sociais. O suspeito é o ex-companheiro, Matheus Henrique Santos Rodrigues, de 24 anos, que não aceitava o fim do relacionamento, e foi preso.

Em um vídeo, que hoje circula nas redes sociais, ela refletiu sobre a importância da identidade e do respeito:

“Eu tenho nome, eu tenho direito e eu quero ser alguém. Quando me chamam ‘Cristina’, é lógico que eu vou ficar super feliz, gente, porque o poder do nome ele eleva as pessoas cada dia... Todo mundo tem o direito ao nome, não é? Todo mundo tem o direito de ser e querer ser chamada por esse nome, como todo mundo tem o direito a sonhar, não é verdade?”

O crime que ocorreu nessa segunda-feira (22) e capturado por câmeras de segurança. Após atingir Cristina com um soco e derrubá-la, as imagens mostram o homem desferindo nove pisadas na cabeça da vítima em apenas 12 segundos. Em seguida, ele se afasta do local.

Mateus Henrique, que possui várias passagens pela polícia, foi rapidamente preso por militares. O suspeito encontra-se agora no sistema prisional. Até o momento, não há informações sobre o velório e o enterro de Cristina Maciel Oliveira.

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‘Não aceitou o fim do relacionamento’

Uma mulher que trabalha próximo ao local do crime presenciou a ação. Segundo ela, as agressões foram brutais e covardes. A testemunha contou que, ao presenciar a cena, entrou em choque e no mesmo momento, correu para dentro da loja onde trabalha para alertar seus companheiros de trabalho.

Segundo ela, a vítima é conhecida na região e ciúmes teriam motivado o crime.

“Ele não aceitou o fim do relacionamento, falou que ela traiu ele, mas é mentira. Ela já estava separada dele faz tempo. Todo mundo aqui sabe disso. A gente vê ela passando, ela já comprou na minha mão diversas vezes. É muito revoltante, muito triste, os caras acharem que são dono da gente. Esse lixo tem que pagar por isso. Nós, mulheres, estamos revoltadas e, com certeza, um homem de verdade também, que não seria capaz de fazer isso com uma mulher indefesa”, desabafou.

Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.