A volta do trem de passageiros na região metropolitana de Belo Horizonte está na pauta da Câmara Municipal. Uma audiência realizada na Casa discutiu o contrato de concessão atual.
A proposta ganhou força a partir de reivindicações do Movimento Pela Volta do Trem de Passageiros na RMBH, composto por trabalhadores ferroviários, técnicos, pesquisadores, movimentos sociais e outros setores da sociedade civil. O grupo busca impedir a renovação automática do contrato de concessão da Ferrovia Centro Atlântica (FCA) com a VLI Multimodal S.A., prevista para 2026.
A ideia é evitar que a renovação da concessão ocorra sem uma análise criteriosa da gestão realizada nos últimos 30 anos. O movimento defende que, ao invés da renovação automática, seja elaborado um novo contrato que contemple a volta do transporte ferroviário de passageiros, visto como uma alternativa para a mobilidade urbana na região e uma forma de reduzir a utilização de combustíveis fósseis.
“Na prática o trem é uma contrapartida da concessão ferroviária que tem aqui na região sudeste, a Concessão Transatlântica. Só que ele nunca foi de fato efetivado pela empresa que venceu e como nós estamos no momento em que a concessão será possivelmente renovada”, disse o vereador Helton Junior (PSD), que presidiu a audiência. “Nós não queremos que esse processo aconteça sem levar em consideração a possibilidade do retorno, que avaliamos como algo muito importante para a mobilidade de Belo Horizonte e da região metropolitana”, afirmou.
O movimento quer garantir que o retorno do trem de passageiros seja incluído na negociação da renovação do contrato. De acordo com os defensores da proposta, o serviço pode representar uma importante alternativa ao transporte coletivo atual, especialmente para moradores da Grande BH.
“O Ministério das Cidades já está acionando, os prefeitos e prefeitas da comissão e também, além das câmaras municipais, para realizar um seminário, provocando o poder público municipal a se manifestar sobre essa possibilidade, para verificar de fato se há interesse e se há possibilidade dos municípios também terem centralidade dentro desse tema”, disse o vereador.
Governo federal promete estudo
Henrique Oliveira Mendes, da Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário (SNTF), afirmou que o governo federal pretende iniciar um estudo para a implantação do trem de passageiros em dois ramais da RMBH, com reuniões previstas até junho para discutir a viabilidade com prefeitos e representantes estaduais.
Na audiência, o professor Marcelo Maia, da UFMG, também destacou a relevância histórica e urbanística das ferrovias, enquanto especialistas ressaltaram o potencial econômico e social dos ramais propostos, que poderiam gerar R$ 2 bilhões anuais para Belo Horizonte.
As autoridades presentes na audiência, incluindo representantes de Contagem, Betim, Pedro Leopoldo, Vespasiano, Nova Lima, Moeda, Raposos e Ibirité, destacaram a importância de unir forças para o retorno do trem de passageiros na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), especialmente com o fim próximo do contrato de concessão da Ferrovia Centro Atlântica (FCA) com a VLI Multimodal S.A.
No encontro, a vereadora Luiza Dulci (PT) reforçou que o trem é uma solução sustentável e econômica para Minas Gerais. Já o vereador Bruno Pedralva (PT) criticou o monopólio do transporte de minérios e defendeu o uso dos trilhos para transporte público.
Histórico
A Ferrovia Centro Atlântica, que possui 7.220 km de extensão, conecta diversos estados brasileiros. Originalmente pública e pertencente à Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), a malha ferroviária foi privatizada na década de 1990 devido à falta de recursos para investimentos.
Desde então, passou a ser administrada pela VLI, tendo como prioridade o transporte de cargas, especialmente minério e produtos agrícolas.