A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) investiga o caso de uma jovem, de 21 anos, presa por agressão, injuria racial e desacato após tentar deixar um bar do Floresta, na região Leste de Belo Horizonte, sem pagar, no último fim de semana. A suspeita chegou a ser levada para o Presídio de Vespasiano, na Grande BH, onde ficou por dois dias. A defesa da mulher alega falsa acusação de injúria racial.
De acordo com o boletim de ocorrência a que a Itatiaia teve acesso, a Polícia Militar (PM) foi acionada após uma briga no estabelecimento no último sábado (15). Ao chegarem ao local, os militares encontraram a suspeita contida por seguranças por estar agredindo-os com chutes e pontapés e proferindo gritos e xingamentos.
Uma trabalhadora contou aos militares que a suspeita chegou por volta das 20h30 e, aproximadamente uma hora depois, tentou ir embora sem pagar. Por isso, a solicitou à segurança que impedisse a saída da jovem.
Ainda segundo o b.o, nesse momento, ela pediu para carregar o celular, mas entregou um cigarro eletrônico. Ao ser questionada pela funcionária, fez insultos racistas a chamando de “preta”, “macaca” e “pobre”. Em seguida, jogou bebida e empurrou a atendente.
Foi então que a gerente foi chamada e pediu que a autora deixasse o local. Conforme o b.o, na saída, a jovem tentou voltar para o interior do local, agredindo os funcionários e fazendo ameças como “acabaria com a vida de todos”.
Em determinado momento, segundo o registro, foi verificado que a autora estava sangrando e tentou limpar o sangue na farda dos policiais, além de xingá-los com insultos como “cachorros do governo”, chutar e cuspir os militares.
O registro oficial afirma que foi necessário o uso de técnicas de controle de contato e gás de pimenta. Em seguida, a jovem foi encaminhada para a UPA Centro-Sul. Durante o trajeto e o atendimento, de acordo com o b.o, ela voltou a chutar e insultar os militares, dizendo que a mãe era juíza e que iria “ferrar” com os polícias. À técnica de enfermagem, segundo o b.o, ela ainda disse o nome errado.
Por meio de nota, o advogado da suspeita, Breno Nilson Ferrera Campos, disse que as “acusações do crime de injúria racial são completamente falsas, caluniosas e não condizem com a verdade dos fatos.”
O que dizem as autoridades
Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), ela foi ouvida na delegacia e teve a prisão em flagrante ratificada “pelos crimes de lesão corporal, injúria racial, resistência e desacato.” Em seguida, foi encaminhada para o presídio.
De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), ela “se encontra desligada do sistema prisional desde a tarde de segunda-feira (17), após a concessão de alvará pelo Judiciário”.
O que diz o bar
Por meio de nota, o bar Mascate lamentou o ocorrido, se posicionou contra o preconceito e disse que a equipe tem recebido apoio psicológico. Veja na íntegra;
“O Mascate manifesta seu total repudio aos atos de racismo e violência ocorridos no último sábado, dia 15, na unidade da Mascate Floresta.
Na ocasião, uma cliente agrediu verbalmente nossos funcionários, proferiu insultos racistas, cometeu agressão física contra nossos colaboradores e contra a polícia, que foi prontamente chamada para conter a situação e a encaminhou para a delegacia.
Pedimos desculpas para quem presenciou o ocorrido e reforçamos que não toleramos qualquer tipo de discriminação, preconceito ou violência. Nossa equipe tem recebido todo suporte psicológico e jurídico para garantir que ajustiça seja feita e que esse ato não saia impune.
Seguiremos sempre comprometidos em manter um ambiente seguro, respeitoso e acolhedor para todos os nossos clientes e funcionários, e pessoas que não compactuam com esses ideais não são bem-vindas em nossos bares.”
O que diz a defesa da suspeita
“Nós da Ornelas e Ferreira Advogados viemos a público esclarecer que as acusações do crime de injúria racial são completamente falsas, caluniosas e não condizem com a verdade dos fatos.
Confiamos na apuração justa e criteriosa das autoridades competentes, e que estamos à disposição para prestar todas as informações necessárias para o esclarecimento da situação e exposição da verdade.
Ressaltamos que nós da Ornelas e Ferreira Advogados que representa a parte envolvida, repudia veementemente qualquer tipo de manifestação preconceituosa ou discriminatória. Defendemos o respeito à dignidade humana, à presunção de inocência e ao devido processo legal, princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito.
Entretanto, com mesmo impeto que trabalharemos para combater as falsas acusações e disseminações de inverdades, usurpando indevidamente de uma causa tão séria para benefício próprio.”