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Jovem que esquartejou homem em situação de rua em BH é condenado a 8 anos de prisão

Mateus Peixoto de Barros, de 25 anos, tem transtorno de personalidade mista e é considerado semi-inimputável; ele vai cumprir a pena em um hospital psiquiátrico

Caso aconteceu em fevereiro de 2023 no bairro Santo Antônio, região Centro-Sul de BH

Mateus Peixoto de Barros, de 25 anos, foi condenado por esquartejar um morador em situação de rua em seu apartamento no bairro Santo Antônio, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. A sentença prevê uma pena de oito anos e oito meses de reclusão.

O jovem foi levado a júri popular nesta quarta-feira (29) e foi considerado culpado pelo assassinato de Marciel José Soares, de 31 anos, crime que aconteceu em fevereiro de 2023. Mateus foi acusado de homicídio duplamente qualificado, sendo as qualificadoras o meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.

De acordo com o Instituto Médico Legal (IML), o réu possui transtorno de personalidade mista — uma perturbação da saúde mental, que reduz parcialmente a compreensão dos fatos, mas não completamente. Assim sendo, ele foi considerado semi-inimputável.

Por isso, ele não irá cumprir a pena em uma penitenciária comum. Ele irá cumprir a sentença no Hospital Psiquiátrico e Judiciário Jorge Vaz, em Barbacena (MG).

“O réu não tem a mínima condição de cumprir pena privativa de liberdade em presídio, pois é nítido seu grave transtorno psiquiátrico e psicológico, o que coloca em risco sua própria vida e de terceiros”, diz trecho da sentença.

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Réu confessou que assassinou a própria mãe e que comprava coelhos no Mercado Central para matá-los

Durante o julgamento, Mateus afirmou que foi abusado sexualmente pelo pai e a mãe na infância, dos 6 aos 13 anos de idade. Aos 17 anos, ele foi condenado a cumprir medidas socioeducativas após matar e esquartejar a própria mãe. Na época, ele foi internado em um hospital psiquiátrico.

Para aliviar a raiva e o rancor dos abusos sofridos quando era criança, Mateus contou que comprava coelhos no Mercado Central apenas para matá-los. O jovem afirmou que se sentia aliviado e mais calmo com essa atitude.

“Era muito fácil matar um coelho, por ser bastante frágil, e bastava apertar um ponto do pescoço e ele logo morria”, disse em depoimento. Mateus revelou que matava os animais e os descartava no lixo do próprio apartamento.

Diante da frieza do depoimento e dos crimes cometidos, o júri condenou o réu. No entanto, devido a sua situação semi-inimputável, ele será transferido para um hospital psiquiátrico. Desde o crime, Mateus estava preso preventivamente em uma penitenciária comum.

“O réu relatou que gostou muito do período em que esteve internado. após a condenação pelo assassinato da mãe. Disse que nunca havia sido tão bem tratado, tão respeitado e tão ouvido. Ele relatou ainda que o tratamento que fazia no local o deixava tranquilo e era bastante eficaz. Em relação ao presídio onde se encontra há dois anos, relatou que o tratamento praticamente não existe e que se sente desamparado em relação a isso”, diz a sentença.

Relembre o caso

Em fevereiro de 2023, Mateus atraiu o morador em situação de rua Marciel José Soares, de 31 anos, para o apartamento dele. No local, o jovem matou e esquartejou a vítima. Depois, ele distribuiu partes do corpo por malas e sacolas e as deixou em diversos locais do bairro Santo Antônio.

“O autor utilizou-se de meio cruel ao atingi-la, esquartejando seu corpo, causando-lhe intenso e desnecessário sofrimento. A vítima, colhida de surpresa, teve consideravelmente diminuídas suas chances de defesa”, diz o Ministério Público ao acusar o jovem.

Durante o interrogatório desta quarta, Mateus contou que tinha o hábito de chamar moradores de rua para o apartamento para conversar e desabafar. Ele disse que esses encontros não tinham conotação sexual.

No dia do crime, o jovem afirma que levou outro morador de rua, conversou com o homem e ele foi embora. O réu também informou que não ficou satisfeito com a conversa com o outro homem e resolveu chamar a vítima para apartamento.

Matheus contou que começou a conversar com Marciel e que a vítima informou que já tinha matado uma pessoa, cometido roubos e estuprado uma mulher. Os dois teriam brigado e o réu esfaqueou a vítima. O réu informou que esperou até o dia seguinte para esquartejar a vítima com uma serra elétrica, para que os ruídos fossem confundidos com sons de uma obra.


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Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.
Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.