Réu pela morte do sargento Dias em BH alega insanidade e processo pode ser suspenso

Defesa alega que Welbert de Souza Fagundes ouve vozes, apresenta quadro paranóico e fazia tratamento no Cersam; Ministério Público é a favor de que sanidade mental do acusado seja avaliada

Welbert segue preso desde o dia do crime

O processo contra Welbert de Souza Fagundes, réu pela morte do sargento Roger Dias da Cunha, morto com um tiro na cabeça no início de janeiro de 2024 em Belo Horizonte, pode ser suspenso em breve. A defesa do jovem de 25 anos entrou, nesta quinta-feira (9), com um pedido para que a sanidade mental do acusado seja analisada. A informação foi confirmada por Bruno Torres, advogado do acusado (relembre o caso no fim da matéria).

Na petição apresentada, o advogado afirma que foi ‘impactado com a notícia obtida junto à administração prisional, de que havia-se descoberto informações de possível debilidade mental do Réu’. Segundo o documento, policiais penais haviam descoberto que Welbert ‘apresenta quadro paranoico, vinha fazendo tratamento no CERSAM Barreiro, que consome medicação forte para saúde mental’.

Além disso, um inquérito interno da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) atestou um possível quadro de deficiência mental em Welbert. ‘Fato é que há um arcabouço portentoso, que indica que o Réu é pessoa cometida por desordem mental. Contudo, o grau dessa desordem não pode ser definido pelo defensor, mas apenas por perícia’.

O advogado pede que seja instaurado o incidente de insanidade mental de Welbert e, consequentemente, seja suspensa a primeira audiência de julgamento do caso, marcada para o dia 17 de maio.

Ministério Público é favorável

Francisco de Assis Santiago, promotor de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), manifestou-se favoravelmente ao pedido de instauração do incidente mental feito pelo advogado de Welbert, de acordo com o documento incluído no pedido.

Diante de indícios de que o réu talvez padeça de enfermidade capaz de tolher, parcial ou totalmente, o seu discernimento, manifesto-me pelo DEFERIMENTO do pedido de instauração de incidente mental requerido pela defesa do acusado’, disse o promotor no despacho.

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Sargento baleado

A ‘saidinha’, como é conhecida a saída temporária, ganhou relevância especial depois de um sargento da polícia militar ser baleado no dia 5 de janeiro. O suspeito do crime é um homem que estava em saída temporária da cadeia. Welbert de Souza Fagundes, de 26 anos, é apontado como o responsável por disparar várias vezes à queima roupa contra a cabeça do sargento da Polícia Militar, Roger Dias da Cunha, no bairro Novo Aarão Reis, Região Norte de Belo Horizonte.

O Sargento Dias passou por duas cirurgias assim que foi socorrido ao Hospital João XXIII - uma para conter a pressão intracraniana e outra para conter o sangramento na perna, pois a bala atingiu uma artéria. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu na noite do dia 7 de janeiro.

Suspeito estava foragido da ‘saidinha’

Welbert tem 18 boletins de ocorrência registrados contra ele, por crimes como roubo, ameaça e tráfico de drogas. O Ministério Público foi contra a saída dele do sistema prisional, mas o benefício foi concedido pela juíza da Vara de Execuções Penais de Ribeirão das Neves, Bárbara Isadora Santos Sebe Nardy.

A juíza justificou sua decisão com base no atestado de conduta carcerária e disse que Welbert não havia cometido nenhuma falta grave, embora o Ministério Público tivesse apontado o episódio do furto de veículo. O MPMG recorreu da decisão junto ao Tribunal de Justiça e não recebeu nenhum retorno.

No dia 11 de janeiro, poucos dias após a morte do sargento Dias, Welbert se tornou réu por um furto qualificado cometido em julho de 2023. Poucas semanas depois, a Justiça aceitou a denúncia e Welbert se tornou réu por homicídio triplamente qualificado contra o sargento Dias. Ele segue detido desde a época do crime.


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Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.

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