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Droga K9: especialistas explicam o que é, efeitos colaterais e principais riscos da ‘droga zumbi’

Drogas são produzidas em laboratórios no exterior, de acordo com as fontes da polícia

Apesar de pouco conhecidas, as drogas K são letais e podem causas muitos danos aos usuários

Catorze mortes de detentos em presídios mineiros são investigadas por suspeita de overdose de drogas da família K, como a droga K9. Os casos ocorreram nas penitenciárias Dutra Ladeira e José Martinho Drummond, ambas em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte.

Apesar de pouco conhecidas, as drogas K são letais e podem causar muitos danos aos usuários. Mas, afinal, o que são as drogas K e quais os efeitos colaterais dessas substâncias? Confira a seguir.

“As drogas K, que nós chamamos tecnicamente de canabinoides sintéticos, são um grupo de moléculas — K2, K4 e K9 — sintetizadas em laboratório e capazes de agir nos mesmos receptores do THC”, explica Pablo Marinho, perito criminal e chefe da divisão de laboratórios do Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Minas Gerais.

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Droga K é maconha sintética?

O criminalista explica, também, que existe uma confusão em relação às drogas K e a maconha. “O THC é o princípio ativo da maconha, mas é importante esclarecer que não se trata de maconha. Essas moléculas não são naturais e não estão relacionadas à cannabis. Por causa da ligação dessas substâncias nos mesmos receptores do THC, muitas vezes, as pessoas confundem e chamam erroneamente as drogas K de maconha sintética”, afirma Pablo Marinho.

As drogas K possuem efeitos muito mais intensos e pronunciados do que a maconha e seu uso pode ser fatal.

Quais os efeitos das drogas K na saúde?

O psiquiatra forense Paulo Repsold é categórico ao alertar sobre os efeitos das drogas K na saúde dos usuários: as consequências são devastadoras.

“De forma genérica, é uma droga devastadora, que leva a pessoa a uma dependência rapidíssima, muito maior do que o crack. Mas a droga K9, principalmente, mais conhecida e difundida no país, tem efeitos parecidos com os da heroína, da cocaína e da maconha de forma simultânea e intensa, levando o usuário rapidamente a definhar e morrer”, alerta o psiquiatra.

Existem poucos estudos de longo prazo investigando os efeitos das drogas K, quando comparada com outras substâncias. No entanto, de acordo com Departamento de Justiça: Administração de Fiscalização de Drogas dos Estados Unidos, essa droga é altamente viciante e pode desencadear:

  • Taquicardia (aumento da frequência cardíaca);
  • Pressão arterial elevada;
  • Inconsciência;
  • Tremores;
  • Convulsões;
  • Vômitos;
  • Alucinações;
  • Agitação;
  • Palidez;
  • Dormência;
  • Formigamento
  • e Crises de ansiedade e pânico;

Além disso, o consumo das drogas K pode resultar em:

  • Infarto agudo do miocárdio;
  • Convulsões;
  • Derrame;
  • Coma;
  • Overdose;
  • E morte por ataque cardíaco ou falência de órgãos

“No sistema nervoso central, especificamente na área psíquica, essa droga leva a um quadro psicótico, de delírios e alucinações, ouvir e ver coisas de forma fantástica. Ao mesmo tempo, com delírios, imaginações fantasiosas da realidade. Além disso, há um entorpecimento, uma alteração motora, em que o usuário passa a se comportar como se fosse um zumbi perdido, podendo ter comportamentos extremamente nocivos para si e para terceiros”, conclui o médico.

Polícia Civil apreende drogas K

Como as drogas K são produzidas?

Essas drogas são produzidas em laboratórios no exterior, de acordo com as fontes da polícia. “Para sintetizar a molécula, é necessário um aparato laboratorial e conhecimento de química, sobre reagentes. Há necessidade de insumos e equipamentos de laboratório para fabricar essas substâncias. Não há, até o momento, relatos de laboratório de síntese desses produtos aqui no Brasil”, explica o criminalista Pablo Marinho.

Como as drogas K são utilizadas?

A principal forma de utilização das drogas K é pela via respiratória, ou seja, elas são fumadas pelos usuários. “A droga vai ser fumada e absorvida rapidamente. Em questão de 5 minutos, a pessoa já começa a manifestar os efeitos, mais intensos dos que o da própria maconha”, explica Pablo Marinho. “Nós temos, no Brasil, principalmente, as drogas sendo incorporadas em papéis. Mas também, eventualmente, a gente já detectou elas presentes em ervas”, detalha o especialista.


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Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.
Jornalista graduada pelo UNIBH. Na Itatiaia desde 2012, já atuou como repórter de cidades e foi setorista de Trânsito. Atualmente ocupa a função de Supervisora de Produção
Pablo Paixão é estudante de jornalismo na UFMG e estagiário de jornalismo da Itatiaia