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Imagens de corpos após queda de avião em BH viralizam; saiba punições para quem compartilha

Penas podem chegar a até três anos; pessoas que compartilham podem responder na área cível ou criminal

Queda de avião no Aeroporto da Pampulha: PF faz perícia no local do acidente

Viralizaram nas redes sociais nesta quinta-feira (7) vídeos que mostram uma das vítimas da queda de um avião no Aeroporto da Pampulha nessa quarta-feira (6) tentando deixar a aeronave. A vítima, não identificada, está no meio das chamas e tenta se desvencilhar delas, mas sem sucesso.

Vídeos desse tipo são muito comuns após acidentes, independentemente se a vítima faleceu ou não. Exemplos são os casos dos cantores Cristiano Araújo e Marília Mendonça, que faleceram em 2015 e 2021, respectivamente, e tiveram imagens de seus corpos divulgadas nas redes sociais de forma ilegal.

Segundo o advogado criminalista Paulo Crosara, responsáveis por gravar e divulgar esse tipo de imagem podem responder tanto na área cível quanto criminal. No criminal, podem responder por vilipêndio de cadáver e até mesmo omissão de socorro.

No caso do vilipêndio, é necessário ser comprovado que a pessoa teve a intenção de zombar daquela situação. Na omissão de socorro, é preciso provar que aquela pessoa não acionou as autoridades cabíveis para atendimento. A pena para vilipêndio é de um a três anos de prisão e omissão de socorro é de um a seis meses, podendo ser triplicada caso a pessoa venha a óbito.

‘Se a pessoa está viva [durante a gravação do vídeo] o que a lei diz é: que não pode ser uma situação que você se coloque em perigo. Se tem um avião pegando fogo, você não é obrigado a entrar dentro do avião. Você não é bombeiro. Mas ligar para as autoridades é o mínimo. Então, se você vê uma pessoa morrendo e, em vez de ajudar, você só filmar, isso pode ser omissão de socorro’, afirmou o advogado.

Porém, se o vídeo for gravado em via pública, é mais complicado de haver uma punição na esfera penal, já que não é proibido filmar alguém que está em locais abertos ao público. ‘Enquanto não vier uma lei falando assim: ‘É proibido divulgar a imagem de pessoas mortas mesmo em via pública’, vai ficar por isso mesmo’, contou.

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Punição na área cível

O que pode acontecer, na verdade, é que as pessoas que gravarem esses tipos de vídeo sejam punidas na área cível, em processos movidos por familiares da vítima gravada.

‘Os familiares próximos podem entrar com ação de danos morais em nome próprio. A pessoa que morre, os direitos de imagem e de personalidade morrem com ela. Ela não está sofrendo com a divulgação das imagens, mas se considera que os filhos, pais, irmãos, pessoas próximas sofram com essa divulgação. É o que a gente chama de dano reflexo’, explicou o advogado.

Portanto, é possível que a família seja indenizada pela divulgação desses vídeos nas redes, caso seja provado que foram causados danos à família durante esse processo.

Pessoas que espalham podem ser punidas?

O advogado explica que pessoas que espalham podem, sim, ser punidas na esfera penal e cível. Nos dias atuais, é difícil identificar todos os autores devido ao fluxo rápido das redes, no entanto, caso sejam identificados, as pessoas podem receber punições legais.

Relembre

Um avião de pequeno porte da Polícia Federal caiu nesta quarta-feira (6) no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. Dois agentes da PF, Guilherme de Almeida Irber e José de Moraes Neto, morreram na hora, e um mecânico de uma empresa terceirizada, Walter Luiz Martins, foi socorrido com vida ao Hospital João 23.

Nesta quinta (7), a PF realizou os trabalhos de perícia no local onde a aeronave do modelo Cessna 208 Caravan caiu. Além disso, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira também foi acionado.

Um vídeo flagrou o exato momento da queda da aeronave. Nas imagens, é possível ver a decolagem e o momento em que supostamente o piloto tenta retornar à pista. Segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, tenente Henrique Barcellos, a suspeita é de que o piloto tenha tentado realizar um pouso de emergência.

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Jornalista formada pela PUC Minas. Mineira, apaixonada por esportes, música e entretenimento. Antes da Itatiaia, passou pelo portal R7, da Record.