O presidente da Associação Mineira dos Policiais Penais e Servidores Prisionais (AMASP) e do Sindicato da Polícia Penal de Minas Gerais (Sindppenal), Luiz Gelada, negou que a fuga de nove presos de um presídio de Santa Luzia, na Grande BH, teria sido culpa de um policial penal que não estava presente no banho de sol dos detentos.
Em entrevista ao Itatiaia Agora, Gelada atribuiu a falha não só ao policial penal responsável, mas a toda a estrutura penal de Minas. Segundo ele, a falta de efetivo e a superlotação das unidades prisionais são as causas da falha na última quinta-feira (29). Além desses problemas, segundo o presidente da AMASP, alguns dos detentos que estão no presídio deveriam ter sido transferidos para penitenciárias.
‘Pode ter tido falha humana? Sim, mas nós temos que entender que essa falha começa no alto escalão da polícia penal mineira. [...] Não tem supremacia de força, não tem efetivo. Nós temos excedentes do concurso da Polícia Penal, temos um concurso em andamento. Nós estamos trazendo a crítica, mas estamos trazendo a solução, que é chamar os excedentes e realizar um novo concurso’, declarou.
Em contrapartida, o diretor geral do Departamento Penitenciário da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG), Leonardo Badaró, afirmou que os problemas nos presídios de MG, como a superlotação, por exemplo, são históricos e não atingem somente Minas, mas todo o Brasil. O agente reiterou, ainda, que o presídio do Palmital, em Snata Luzia, tem um dos melhores quadros de funcionários de Minas Gerais.
‘Os problemas do sistema prisional são históricos. Nós temos um quadro de 60 policiais para Santa Luzia e 54 estão lotados [na unidade]. No dia [da fuga], eram nove policiais penais escalados, não sete. O sistema prisional de Minas é o segundo maior sistema prisional do país, nós dispomos de 39 mil vagas e temos 62 mil presos. A conta já começa com saldo negativo. A Sejusp não solta nem prende, nem solta. Temos que administrar aquilo que nos é proposto’, disse.
A corregedoria do presídio abriu um procedimento interno para apurar as circunstâncias da fuga durante o banho de sol.
Entenda
Em entrevista ao programa Itatiaia Agora na sexta-feira (1º), o chefe de gabinete do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen), Laércio de Souza Rocha, afirmou que a falta de vigilância de policiais penais no Presídio do Palmital, em Santa Luzia, favoreceu a fuga dos nove detentos na tarde de quinta (29).
Cerca de 35 detentos estavam tomando banho de sol sem vigilância de um agente penitenciário, e nove deles escalaram o muro da instituição, romperam uma proteção e fugiram.
‘O líder de equipe não escalou nenhum policial penal para acompanhar o procedimento de banho de sol. Então durante esse procedimento, com a ausência de um policial penal lá, nove indivíduos escalaram o pátio, forçaram a proteção e evadiram’, contou.
Quatro presos
Até o momento, foram presos quatro dos nove detentos que fugiram. O último deles, João Batista Freire Rodrigues Filho, de 34 anos, foi recapturado nesse sábado (2). Os outros três são Victor André Luiz Gomes Soares, Kevin Douglas de Oliveira Campos e Christian Ferreira de Souza.
Veja quem são os detentos foragidos:
Kelven Rodrigues Reis, de 18 anos
O jovem de 18 anos foi preso em flagrante no dia 13 de fevereiro após ser apontado como um dos autores de um roubo majorado. Segundo a Justiça, Kelven e outra pessoa estavam em uma motocicleta quando renderam duas vítimas, ameaçando-as com uma faca. Foram levados três celulares cartões bancários e R$ 200,00. Kelven foi preso com um dos cartões de crédito e a faca usada no crime. Na casa dele, foi encontrada a carteira de uma da vítima, enquanto dois dos três celulares roubados foram localizados na entrada do beco em que Kelven mora. A prisão em flagrante foi convertida para preventiva no dia 14 de fevereiro.
Vitor Gabriel de Oliveira Simões, de 20 anos
O jovem de 20 anos é réu por um roubo majorado cometido em 2023, em Belo Horizonte. Ele também é réu por tráfico de drogas em Santa Luzia e foi preso por tráfico de drogas em maio de 2023 na mesma cidade, mas acabou solto um dia depois.
Wilbert Eduardo Melo da Silva, de 22 anos
O jovem é réu por homicídio qualificado (‘motivo torpe’ e ‘uso de recurso que dificultou a defesa da vítima’) e tráfico de drogas, crimes cometidos em Santa Luzia, em 2021. Ele também responde por uma tentativa de homicídio cometida dois anos depois na mesma cidade.
Deivid Antônio de Souza, de 35 anos
O fugitivo de 35 anos é réu por um homicídio duplamente qualificado cometido em 2015 e por tráfico de drogas em 2022. Deivid também tem passagens por tráfico e associação para o tráfico.
Walace Lima Gonçalves, de 22 anos
O jovem de 22 anos é réu por uma tentativa de homicídio cometida em Santa Luzia. Ele também é suspeito de roubo majorado em Contagem, na região metropolitana.
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