A Alameda Oscar Niemeyer, no bairro Vila da Serra, limite entre Belo Horizonte e Nova Lima, abriga prédios luxuosos, restaurantes refinados e também trabalhadores que encontraram na produção de marmitas caseiras uma maneira de ganhar a vida. A história desses brasileiros ilustra a segunda matéria da série Marmiteiros, iniciativa da Itatiaia sobre pessoas que produzem vários tipos de marmitas e vendem a preço acessível.
É o caso de Terezinha de Carvalho Freitas, 48 anos. Moradora do Barreiro, em BH, ela viu na produção de comida uma maneira de superar a crise provocada pela pandemia de Covid-19.
Terezinha tinha um salão de beleza, mas teve que fechar o negócio por causa da pandemia. Sem trabalho, ela resolveu produzir e vender marmitas na região do Vila da Serra, onde o marido já trabalhava como segurança em um condomínio. O negócio deu certo e, atualmente, são mais de 1.500 marmitas vendidas por mês, a R$15 cada (R$ 16 com um suco).
“Eu mesma faço em casa e trago para vender. Começo (a preparar) um dia antes, porque tem muitas coisas que a gente tem que começar um dia antes e tem pessoas que almoçam 10 horas da manhã. Então, às 4:30 eu já tô de pé para fazer as marmitas”, disse.
Terezinha destaca que os clientes vão muito além dos trabalhadores, já que moradores da região fazem parte da freguesia. Ela diz ainda que, geralmente, as marmitas acabam todos os dias.
“Tem pessoas que vendem aqui na rua que são de restaurante, como uma capacidade maior. Elas ficam até as 15h. Como eu mesma faço a minha comida, tenho limitação e faço entre 60 e 80 marmitex todos os dias. Vendo tudo, graças a Deus”, agradeceu a empreendedora, que se orgulha de ter formado um dos dois filhos em Ciência da Computação. “Ele é cientista de dados. Meus meninos são trabalhadores e me ajudaram muito na pandemia, vendendo marmitex”, lembrou.
Terezinha vende marmita de segunda a sexta, em frente ao número 891 da Alameda Oscar Niemeyer. “O cardápio tem três opções diárias. Somente na quinta e na sexta que eu tenho o carro chefe, que é o tropeiro e a feijoada. Já saio de casa com todas vendidas, todas encomendadas. Aí faço um cardápio extra com frango”, explica.
Extra
Assim como Terezinha, pelo menos mais sete pessoas vendem marmitas ao longo da Oscar Niemeyer. Algumas delas são de restaurantes da Grande BH, como o motoboy Mateus Balbino, 28 anos, que vende comida feita em um restaurante do Aglomerado Santa Lúcia, região Centro-Sul de BH. Cada marmita custa R$ 16. “Tem strogonoff, bife de frango, de boi, de pernil, tem tropeiro com linguiça. Então, é uma variação de comida muito boa”, diz, enquanto atendia os clientes.
O trabalho como marmiteiro no Vila da Serra serve como um complemento de renda. “O almoço é bom e barato. É uma forma de ganhar dinheiro honesta e limpa que a gente tem. É um ganho de vida a mais que a gente tem, um extra para pagar uma conta. Tudo que é um a mais honesto é bem-vindo”, ressaltou Mateus.
Tempero aprovado
Clientes entrevistados pela Itatiaia aprovaram o tempero, qualidade e o preço da comida. É o caso de Evandro César, motorista de aplicativo, que ressalta a qualidade da comida e o preço bom. “A gente sempre compra com eles. Preço ótimo e isso ajuda bastante”
O auxiliar de instalação Olímpio Fernandes, 41 anos, morador do bairro Goiânia, é um dos clientes dos marmiteiros do Vila da Serra. Ele destaca que o serviço é uma opção, já que os preços nos restaurantes da região são mais altos. “Sempre pego aqui. É R$ 15, preço muito bom, acessível e ajuda muito o trabalhador. A feijoada de sexta-feira é boa pra caramba. Quem quiser, pode vir”, convida.