Apesar dos consecutivos dias de chuva, o belo-horizontino pode colocar as roupas no varal e sair com o protetor solar em mãos: a semana deve ser de sol e muito calor. Isso é o que indica professor de Geografia Lucas Oliver, que explica o que fez o tempo mudar e as próximas previsões.
Lucas disse a cidade vivia uma semana com muita precipitação, devido um sistema de baixa pressão e atuação de uma massa Tropical Continental. A região de Venda Nova, no dia 30 de outubro, foi a mais atingida pela chuva de 67,8 milímetros — correspondendo a 61,6% do esperado para todo o mês, conforme informou Defesa Civil de Belo Horizonte.
“Essa era uma massa quente e úmida. O cenário mudou de sexta (3) para sábado (4), quando tivemos a formação de um ciclone no litoral do Sul do país. Esse ciclone foi para o meio do oceano e não afetou tanto o continente, mas produziu essas ondas enormes no Rio de Janeiro”, explicou.
Dias quentes
O professor explica que, toda vez que há formação de ciclone, ele está associado à chegada de uma frente fria e uma massa polar. Mas isso nem sempre significa dias frios, de fato. “A gente teve um inverno com muitas massas polares fortes. Mas nesta época do ano, novembro, já não faz muito frio, porque a atmosfera está muito quente. Com isso, temos pouca possibilidade de frio”, explicou.
Nessa segunda (6), Belo Horizonte amanheceu com tempo ameno. Conforme a Defesa Civil, a estação Cercadinho, que fica na região Oeste da capital mineira, registrou 15,1 °C e -0,5 °C de sensação térmica por volta de 5h. Por lá, os ventos ultrapassaram os 52,5 km/h. De acordo com Lucas, o friozinho pela manhã pode permanecer até quinta (9).
E para quem está em dúvida se leva guarda-chuva ao sair de casa, não há previsão de chuva durante toda semana, segundo Oliver.
Ele explica que a massa polar é uma massa de ar associada a alta pressão atmosférica. “O ar desce do topo da atmosfera e impede a formação de nuvens. Então, toda vez que a gente tem uma massa de ar polar a gente não tem chuva. Agora, teremos tardes quentes, com os termômetros acima de 30ºC”, previu.
Previsão do dia
A mínima nesta terça-feira (7) foi de 15ºC, conforme a Defesa Civil de Belo Horizonte. O dia deve ser todo de céu claro a parcialmente nublado, com temperatura elevada e baixa umidade relativa do ar, com máxima de 32 °C.
A massa de ar seco ganha força sobre o Brasil Central e Sudeste, mantendo sol entre poucas nuvens em quase todo o estado. Apenas no Centro-Leste haverá maior variação de nebulosidade, devido ao transporte de umidade do oceano para o interior do continente. No decorrer da semana, a tendência é que prevaleça tempo quente e seco no estado.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o céu fica parcialmente nublado a claro na Zona da Mata, Rio Doce, Mucuri e Jequitinhonha. Já nas demais regiões, o céu será claro a parcialmente nublado. Névoa seca no Noroeste, Norte, Central Mineira, Triangulo Mineiro/Alto Paranaíba e Oeste.
Ondas gigantes no RJ
Quanto às ondas gigantes que invadiram a orla da Zona Sul do Rio de Janeiro, Oliver explica que o que causa a ressaca são tempestades no alto mar, e o ciclone, fenômeno que passou pela região, é a maior das tempestades.
O professor cita uma das conversas mais famosas da jornalista Glória Maria com Raul Seixas, que aconteceu no bairro do Leblon, em 1977, inesperadamente, enquanto ela cobria uma ressaca. Ao encontrar o músico, Glória pergunta: “O que uma pessoa que defende a natureza acha dessa ressaca?” Ele responde: “Tô a favor: a onda está certa. O que tá errado é esse negócio de aterro, de botar edifício, tá entendendo? A natureza tá certa”.
Oliver complementa: “Fica essa reflexão: a onda não invadiu a calçada. Nós que construímos a cidade dentro do mar”.
*com informações da repórter Talyssa Lima
