Um ano se passou e a família
“Está muito difícil. Peço muito a Deus que abençoa nossos dias. A gente está há quatro meses devendo o aluguel, vivendo da ajuda das pessoas. Mas essas pessoas não estão podendo mais ajudar”, desabafou viúva de Anderson, Maria Regina, que está prestes a ser despejada.
Por isso, eles entraram na Justiça com um pedido de indenização e também pensão, já que o delegado estava em serviço no momento do crime. Foi ajuizada uma ação na 4ª Vara de Fazenda Estadual pedindo uma indenização de R$ 1 milhão e uma pensão.
Rafael Nobre, advogado assistente de acusação, explicou que o Judiciário definiu, em janeiro, o pagamento de um valor mensal de R$ 6,4 mil. Porém, desde então, o Estado de Minas Gerais não fez o pagamento de nenhuma parcela.
“Eu queria pedir ao governador Zema que olhasse por nós. A gente não tem quem nos socorrer e é um funcionário dele que matou meu marido. Tirou um pai de família que estava ali trazendo sustento para nós”, disse a viúva.
Caminhões reboque fazem manifestação após motorista morrer baleado por delegado em BH Delegado que matou motorista em Belo Horizonte tem condenação por atirar em via pública
O
Outro lado
A defesa de Rafael Horácio alega que o delegado entendeu que o caminhoneiro ia jogar o veículo para cima dele. No momento em que o caminhão teria dado um tranco, o delegado efetuou disparo em um “ato reflexivo de legítima defesa”. O advogado de Rafael Horácio, Fernando Magalhães, lamenta o caso e afirma que as duas famílias tiveram perdas.
“Um evento trágico e lamentável. Duas famílias que perderam entes queridos. Anderson veio a óbito e o Dr. Rafael, recluso e afastado dos seus, tem também uma perda de vida. Sem falar que emocionalmente, absurdamente arrasado com a situação. Nós lamentamos e levamos aqui a voz do doutor Rafael, que, com certeza não queria esse fim trágico. Agiu dentro da sua consciência no momento em que acreditava que estava protegendo a si e a toda uma sociedade. Não é hora de valorar ou deixar de valorar erros ou acertos. É hora de dizer à família do Anderson que Deus os proteja. Dizer que, se estão aptos a receber qualquer sorte de indenização do Estado, que seja muito bem recebida e muito bem agraciados com isso. Possam minimamente viver com dignidade e que Deus conforte a todos. E dentro da Justiça, que seja colhido o resultado mais próximo do ideal. A vida não se volta, lamenta-se os atos.”
Por meio de nota, o Estado de Minas Gerais, por meio da Advocacia Geral do Estado e da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, informou que o pagamento dessa pensão terá início no contracheque de julho deste ano. O crédito está previsto para agosto deste ano, ou seja, para o mês que vem.