“Isso já me deixou marcas, já provocou traumas. Eu não sei como melhorarei, mas não deixarei impune.” Salatiel Meneses Santos, de 26 anos, se recupera das agressões que sofreu durante o show do DJ Alok, na madrugada do último domingo (28), em uma casa de eventos no Bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte. Ele denuncia seguranças do evento por espancamento. A Polícia Civil abriu investigação para analisar o caso.
Salatiel afirma que foi espancado por seguranças durante o evento para o qual havia ganhado três ingressos. “Estava bem animado, sabe? Ganhei ingressos e chamei um casal de amigos”, explica. Por volta das 4h, eles curtiam na pista de dança quando Salatiel foi chamado por seis agentes da segurança do evento.
“Eles já estavam atrás. Andei um pouco, chamei minha amiga e falei: ‘vamos andar mais um pouquinho’. Eles continuaram seguindo. Em determinado momento, eles chegaram e pediram para eu acompanhá-los. Somente eu”, afirma. Preocupado, o casal de amigos questionou os funcionários da segurança.
“Eles perguntaram o que estavam fazendo comigo. Responderam: 'é amigo dele? Então vem também.’' Assim, os três foram levados para um local fora da pista de dança, atrás do palco, próximo de uma escadaria que dava para a saída.
Salatiel afirma que neste lugar quatro pessoas já eram agredidas por outra equipe de segurança. “Eram agredidos de forma brutal, dói só de lembrar”, denuncia.
Foi então que os seguranças perguntaram se ele conhecia os “suspeitos”. Antes mesmo que Salatiel pudesse responder, começou a ser agredido sem qualquer explicação.
“Me agrediram, viram que eu nada tinha e me deixaram no canto. Eles mandavam abaixar a cabeça para não ver enquanto agrediam os outros. Depois disso, tiraram a pulseira e me expulsaram”, lembra.
“Vejo isso como a mais pura e a maior forma de racismo. A agressão é, para mim, o limite do limite, sabe?”, relatou. Ele contou que já havia sofrido racismo em outro show, mas desta vez as marcas no corpo se somaram às humilhações. “Apanhar na cara e ser confundido com bandido só por causa da minha cor?”, questiona.
Salatiel conta que tentou contato com a produtora do show e ainda aguarda retorno. “Mandei mensagem pelas redes sociais do evento. Eles visualizaram e não responderam. Depois, um homem entrou em contato comigo dizendo ser assessor do Alok e que queria conversar comigo. Mas nunca mais respondeu”.
Polícia civil investiga
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou à Itatiaia, por meio de nota, que instaurou procedimento investigativo. Nos próximos dias, os envolvidos serão ouvidos para prestar esclarecimentos. “A investigação tramita a cargo da 3ª Delegacia de Polícia Civil em Nova Lima. Tão logo seja possível, outras informações serão divulgadas”, informou.
Alok repudia violência
A produtora de Alok repudiou a violência e afirmou que cobrou da produtora local e da casa de eventos Star415 “todas as informações sobre o ocorrido”. A empresa do cantor também solicitou à polícia a investigação do caso e se colocou à disposição da vítima, inclusive com apoio jurídico. Confira o comunicado completo:
“A ALOK INFINITE EXPERIENCE, através de seus representantes legais, assim que tomou conhecimento dos fatos, buscou junto ao parceiro local e a casa de eventos Star415, que são os responsáveis pela contratação e gestão da segurança e do espaço, TODAS as informações sobre o ocorrido.
A AIE repudia todo tipo de agressão ou práticas criminosas e está empenhada em buscar a verdade para que os responsáveis respondam pelos atos. Solicitamos as autoridades policiais todo o empenho para a elucidação dos fatos e deixamos à disposição do Salatiel, toda nossa estrutura jurídica para acompanhá-lo.
Salientamos que nosso evento é inclusivo e traz valores que não compactuam com nenhum tipo de preconceito e discriminação por gênero, raça, etnia, orientação sexual, pessoas com deficiência, entre outros grupos sociais”.