Justiça aceita denúncia contra falsa avó e mais três por tortura de crianças e morte em BH

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) confirmou que aceitou a denúncia do Ministério Público contra a falsa avó Terezinha Pereira dos Santos e mais três pessoas por conta da morte de uma criança de 4 anos e vários outros crimes contra outras duas crianças.

Como informou a Itatiaia na última sexta (12), a denúncia do MPMG trouxe detalhes sobre as acusações contra o grupo. Entre os atos cometidos pelo grupo, está o uso de documentos para receber o benefício do Bolsa Família, trabalho forçado, tortura, cárcere privado, agressões, fornecimento de refeições insuficientes e morte do menino Emanuel, de 4 anos, que não resistiu à violência sofrida continuamente.

Veja por quais crimes devem responder os envolvidos:

• Terezinha Pereira dos Santos,a falsa avó, foi denunciada por homicídio por motivo torpe, mediante tortura, emprego de meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Ela também vai responder por extorsão, tortura, abandono de incapaz, cárcere privado e apropriação indébita;

• Lalesca Pereira dos Santos, filha de Terezinha, vai responder por homicídio por motivo torpe, mediante tortura, emprego de meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, além de abandono de incapaz e cárcere privado, no caso dos meninos de 6 e 9 anos encontrados em fevereiro no bairro Lagoinha;

• Kátia Cristina Alves Robes, mãe de Emanuel e duas crianças encontradas abandonadas, vai responder por homicídio por motivo torpe, mediante tortura, emprego de meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, além de tortura;

• Diego Pinheiro dos Santos, que também é filho de Terezinha, responderia por tortura e cárcere privado, mas como foi encontrado morto na última sexta (12), a punibilidade é extinta.

Transferência de presos

Terezinha e a filha Lalesca, que estavam detidas há mais de um mês no Presídio de Vespasiano, foram transferidas no dia 5 de maio para uma penitenciária em Timóteo, no Vale do Aço. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) não detalhou os motivos da transferência, mas as duas acusadas podem ter sido ameaçadas na cadeia. Kátia, mãe das crianças, segue detida em Vespasiano.

Relembre o caso

Emanuel morreu em fevereiro deste ano em decorrência de agressões e desnutrição. A criança foi levada pela mãe até uma UPA de São Joaquim de Bicas, na Grande BH, e morreu no local. Após o incidente, Terezinha e Lalesca fugiram de Bicas e levaram as duas crianças para uma casa na rua Itapecerica, no bairro Lagoinha, em Belo Horizonte.

As crianças foram encontradas no fim de fevereiro por vizinhos. Os irmãos estavam sozinhos na casa. Miguel foi encontrado trancado em um quarto, preso embaixo de um sofá pesado, enquanto Moisés estava preso dentro de um armário. As crianças choravam por fome. Uma delas conseguiu fugir e pediu comida aos vizinhos, que acionaram a Polícia Militar. De acordo com a ocorrência, as crianças estavam há três dias sem comida e banho.

Terezinha foi presa em abril deste ano após ser reconhecida por populares no centro de Belo Horizonte. Ela estava na companhia de duas netas, de 5 e 7 anos, que seriam exploradas por ela. Já Lalesca Pereira, de 29 anos, a suposta tia adotiva das crianças abandonadas, foi presa em 20 de março pela Polícia Civil. Ela foi a um Posto Uai para buscar documentos, quando foi informada por agentes que havia um mandado de prisão em aberto contra ela.