Diversos bancos suspenderam a concessão de crédito consignado em resposta à decisão do Conselho Nacional de Previdência Social de
O CEO do Banco BMG Flávio Guimarães comparou a decisão do Conselho ao tabelamento de preços determinado pelo Governo Federal nos anos 1990, antes do Plano Real, quando produtos sumiram das prateleiras.
"(É como) o tabelamento para quem conviveu nos anos 1990. O Governo limitou a taxa de juros em 1,7% ao mês. Por isso, mais e mais bancos vão anunciando a suspensão das operações. Os bancos têm toda uma estrutura de custos para captar clientes, custo de inadimplência, operacionais, de vendas, o que inviabiliza a oferta do produto”, explica.
O CEO do BMG lamenta o impacto na economia.
“O impacto é relevante, pois o consignado é uma das principais linhas de crédito hoje no Brasil. Só em fevereiro de 2023, o mercado concedeu cerca de R$ 7 bilhões em consignado do INSS, é recurso que deixa de entrar na economia. A gente tem hoje 14 milhões de pessoas que tomam essa linha de crédito - que é uma das mais baratas - e que deixam de ser atendidos”.
Sem acesso ao crédito consignado com juros menores, o consumidor fica sujeito a taxas menos atrativas. “Os mesmos clientes que tomam esse produto, na falta de opção, vão tomar cheque especial, crédito pessoal, e quem não tem crédito infelizmente vai parar na mão de agiota. É uma preocupação grande com a população e com as consequências de medidas infundadas por parte do governo sem aprofundamento técnico dos impactos”.
Nesta sexta-feira (17), os bancos públicos também podem anunciar a suspensão de oferta do crédito consignado via INSS, modalidade que reduz a inadimplência para as instituições bancárias por permitir o desconto direto em folha. “O melhor é que o governo chegue a um entendimento que permita aos bancos ter interesse em continuar operando o consignado”, explica.