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Delegado alerta para risco de postar localização e o dia a dia nas redes sociais: ‘vista por milhões’

Cotidiano pode atrair criminosos; em um extremo, ‘Pedrinho Matador’ e o influencer Marcos Edilho foram assassinados pouco depois de postar onde estavam

Delegado não recomenda postar localização

Os assassinatos recentes de Pedrinho Matador e do empresário e influencer Marcos Edilho Pereira Marinho ocorreram em estados diferentes, mas têm um ponto em comum: a exposição de informações, como a localização, nas redes sociais. Em entrevista à Itatiaia, o delegado Renato Nunes Guimarães, chefe da Divisão Especializada de Investigação contra Crimes Cibernéticos, alertou nesta terça-feira (14) para as consequências de postar o dia a dia nas redes sociais.

“Toda a publicação feita em uma rede social de forma pública é vista por milhões de pessoas. Milhões de indivíduos têm esse acesso e, de certa forma, podem utilizar essa informação para a prática de algum crime. Por isso, sempre é bom evitar essa publicidade a que milhares de pessoas tenham acesso”, alerta do delegado.

Renato Nunes ressalta que a publicação pode representar risco não somente para o autor da postagem. “O internauta tem que ter noção de que aquela publicidade pode ser maléfica para sua integridade física e dos seus familiares”, disse.

Para se preservar, o delegado orienta evitar postagens com localização, inclusive durante viagens, e de uma vida luxuosa. "É possível, sim, que criminosos já estejam monitorando aquela pessoa. E facilita com a dica de onde ela está naquele momento”.

Marcos Edilho

Assassinado com tiros de calibre 12, o empresário Marcos Edilho Pereira Marinho, de 39 anos, postou na rede social registros que indicavam a localização. Com mais de 1 milhão de seguidores em apenas uma rede social, Marcos postava, com frequência, imagens da vida de luxo que levava e informações pessoais.

O empresário foi morto a tiros em um restaurante da cidade de Feira de Santana (BA) no domingo (12). A esposa presenciou o crime.

No dia do crime, Marcos postou no Instagram sobre pensão e divisão de bens. “Agora eu posso tudo. Pensão definida e bens divididos”, escreveu na legenda de uma foto. Em seguida, fez story brincando: “Posso até tomar dois caldos de cana. Pensando até em comprar uma máquina para moer cana”.

Pouco antes de ser baleado, Marcos Edilho Pereira Marinho postou foto de um prato com torresmo: “O trem é gostoso demais”, escreveu o empresário, que era dono de uma empresa de consultoria de negócios e se apresenta como CEO do grupo Star Holding.

Pedrinho Matador

Uma semana antes da execução de Edilho, o criminoso conhecido como ‘Pedrinho Matador’, de 68 anos, foi assassinado em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Quatro dias antes, ele divulgou um vídeo em seu perfil no TikTok dizendo que estava em Mogi. “É por pouco tempo. Vocês vão ficar sabendo a minha caminhada”, disse. Ele ainda pede para que seus seguidores acompanhem uma live marcada para a noite do mesmo dia.

‘Pedrinho Matador’ é um dos maiores assassinos em série da história do Brasil, com mais de 100 vítimas. Ele recebeu a primeira pena aos 14 anos, quando matou o prefeito da cidade de Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas, por ter demitido o pai dele do cargo de vigia de uma escola municipal. No total, o criminoso ficou preso por 42 anos.

Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.