O Sul do país enfrenta uma sequência de temporais severos desde o fim de semana, com registro de granizo gigante, alagamentos, dezenas de cidades em situação de emergência e milhares de pessoas afetadas. O cenário envolve os três estados, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, e é resultado da combinação de ar quente em superfície com ar muito frio em altitude, além da atuação de um ciclone extratropical no litoral.
Rio Grande do Sul
Uma célula de tempestade isolada, mas extremamente intensa, se formou na tarde de domingo (23) sobre o Alto Uruguai, no Norte gaúcho, produzindo pedras de gelo de até 10 cm, classificadas como granizo gigante, segundo os critérios do Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA.
Erechim, a cidade mais atingida
Vídeo mostra tempestade de Granizo em Erechim (RS), onde ao menos 152 pessoas ficaram feridas e cerca de 12 desabrigadas, neste domingo (23)
— Itatiaia (@itatiaia) November 24, 2025
📽️Reprodução CNN pic.twitter.com/ja5MA1XZZp
- Mais de 5 mil casas danificadas
- Telhados perfurados, carros destruídos, serviços interrompidos
- Relatos de moradores feridos por estilhaços
- Granizo comparado ao tamanho de ovos de galinha e laranjas
- Mais de 150 pessoas feridas e 25 mil afetadas, segundo a Defesa Civil
- Município decretou situação de emergência
A tempestade começou por volta das 16h40 e avançou rapidamente, atingindo Erechim, Itatiba do Sul, São Valentim e, na sequência, Getúlio Vargas. Imagens mostraram ruas cobertas de gelo e telhados completamente destruídos.
Por que o granizo foi tão grande?
Segundo a MetSul Meteorologia, três fatores favoreceram o fenômeno:
- Ar muito quente em superfície — máximas de até 29°C
- Ar frio forte em altitude — reduzindo o nível de congelamento
- CAPE elevado — índice que mede a energia disponível para tempestades severas
As correntes ascendentes dentro das nuvens Cumulonimbus eram tão fortes que permitiram o crescimento de pedras de gelo em várias camadas, como “uma cebola”, até atingirem tamanho extremo.
Santa Catarina — 25 cidades com estragos, afastamentos e abrigos
Santa Catarina sofre desde sábado (22) com chuvas intensas e granizo, resultando em alagamentos, quedas de energia e centenas de pessoas fora de casa.
Balanço até 15h10 desta segunda (24)
- 25 municípios com estragos
- 361 casas danificadas
- 113 pessoas fora de casa
- Desabrigados foram para abrigos públicos
- Desalojados estão com familiares ou amigos
O município de Luiz Alves, no Vale do Itajaí, foi um dos mais atingidos, com vários pontos alagados. Quatro cidades já decretaram situação de emergência:
- Ibirama
- Petrolândia
- Lontras
- Balneário Barra do Sul
Joinville teve diversas vias interditadas. O Porto de Itajaí chegou a fechar o canal de acesso pela manhã devido aos ventos fortes.
Olha esse torneiro de pesca sendo interrompido por uma chuva de granizo de grande magnitude.
— Bruno Brezenski (@bbbrezenski) November 23, 2025
Ontem 22/11/25 em Lontras/Santa Catarina pic.twitter.com/FIzPbGnDEv
Cidades com danos por granizo
- Agrolândia - Vale do Itajaí
- Apiúna - Vale do Itajaí
- Barra Bonita - Oeste
- Chapecó - Oeste
- Cunha Porã - Oeste
- Florianópolis - Grande Florianópolis
- Fraiburgo - Oeste
- Ibirama - Vale do Itajaí
- Jardinópolis - Oeste
- Lontras - Vale do Itajaí
- Major Gercino - Grande Florianópolis
- Petrolândia - Vale do Itajaí
- Rio das Antas - Oeste
- Rio do Sul - Vale do Itajaí
- Seara - Oeste
- São Bento do Sul - Norte
- São Pedro de Alcântara - Grande Florianópolis
- Timbó Grande - Oeste
- União do Oeste - Oeste
- Videira - Oeste
- Vitor Meireles - Vale do Itajaí
Previsão e riscos
Segundo a Defesa Civil, há risco de:
- Alagamentos
- Enxurradas
- Deslizamentos
- Destelhamentos e queda de árvores
Um ciclone extratropical se formou entre o Paraná e o Sudeste e influencia o agravamento das condições.
Paraná — granizo do tamanho de ovos em guarapuava
Paraná, o destaque é o granizo que atingiu Guarapuava, na região central, também no domingo (23). Moradores registraram pedras do tamanho de ovos de galinha, que danificaram casas e acionaram equipes da Defesa Civil.
Segundo o Simepar: A tempestade foi gerada pela combinação entre ar quente em superfície e a influência de uma frente fria no oceano, que reforçou a instabilidade com um cavado meteorológico (área de baixa pressão capaz de gerar tempestades).
Previsão para os próximos dias
- RS: risco de novas tempestades isoladas, porém menos intensas
- SC: chuva deve perder força no fim da tarde, mas áreas do Norte ainda têm risco
- PR: instabilidade permanece, com chance de novos temporais isolados
- Segundo o Inmet, Curitiba-PR e Florianópolis-SC estao em alerta para pancadas de chuva e quedas de granizo
Defesa Civil recomenda:
- Evitar áreas alagadas
- Não atravessar pontes submersas
- Buscar abrigo longe de janelas e estruturas frágeis durante ventos fortes
- Em emergência, ligar 193 (Bombeiros) ou 199 (Defesa Civil)