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‘Cortar carne e suar sangue’: especialista diz que crime no Rio não tem solução fácil

Operação ‘Contenção’, realizada contra o Comando Vermelho, foi considerada a mais letal da história do estado; mais de 100 pessoas morreram, informou o governo do RJ

Operação batizada de ‘Operação Contenção’ foi conduzida pelas polícias Civil e Militar nas favelas da Penha e do Alemão

O presidente do Conselho Empresarial de Segurança da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), Vinícius Domingues Cavalcante, afirmou que não existe “solução mágica” e nem “fácil” para a criminalidade no Rio de Janeiro. O especialista afirma que a solução para combater a criminalidade no estado pressupõe “cortar a carne e suar o sangue”.

“A gente sabe que problemas complexos nunca vão ter soluções simples. Seria uma solução muito simples pensar que ir lá e vitimar muitos bandidos pudesse trazer para nós a solução”, disse Cavalcante em entrevista à Itatiaia sobre a megaoperação contra o Comando Vermelho.

Com objetivo de conter o avanço da facção, as polícias Militar e Civil do estado deflagraram, na terça-feira (28), a operação ‘Contenção’, que resultou na morte de mais de 100 pessoas, incluindo quatro policiais. A ação foi realizada nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

A ação tinha como foco o cumprimento de 180 mandados de busca e apreensão e 100 mandados de prisão, sendo 30 expedidos pelo estado do Pará, parceiro na operação. Após a ação, o Rio de Janeiro mergulhou em caos, com inúmeras pessoas impedidas de voltarem para casa diante dos bloqueios em vias e linhas de ônibus interrompidas.

De acordo com o especialista, o crime organizado se fortalece pela corrupção, como também por “uma mentalidade coletiva” da população e de formadores de opinião. “Quantas pessoas na minha cidade, em particular, transacionam com o crime, se acompliciam com o crime, toleram o crime. Mas quando esse crime lhes toca a porta, quando esse crime vítima um dos seus, essas pessoas vêm a reclamar, vem cobrar do Estado uma resposta”, apontou.

Para ele, o problema da segurança pública não será resolvido por meio de operações como a realizada no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho. “Eu concordo, em gênero, número e grau, com qualquer outro discurso que diga: ‘Poxa, mas são pessoas, é um problema, há derramamento de sangue’. Mas o fato é que lidamos com grupos e indivíduos que acreditam que, quanto pior, melhor”, continuou.

Ainda segundo Vinícius Cavalcante, a solução para combater a criminalidade no Rio de Janeiro pressupõe “cortar a carne e suar o sangue”. “Eu não sei se nós, e os nossos políticos, que às vezes estão preocupados em defender os interesses dos criminosos ou em professar acordos inconfessáveis, que saltam aos olhos da população, estamos dispostos a tomar essa atitude. É por isso que eu digo a você: é difícil”, cravou o especialista.

(Sob supervisão de Edu Oliveira)

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Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas
Júnior Moreira é formado em Jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH). Atualmente, é coordenador de Variedades da Rádio Itatiaia e apresentador dos programas Conversa de Redação e Chamada Geral. Na Itatiaia, também esteve à frente dos programas Café com Notícia, Itatiaia Agora e no Jornal da Itatiaia. Foi repórter, apresentador e coordenador de Jornalismo nas rádios BandNews FM e Alvorada FM, além de editor da Revista Top 2000 Marchador, publicação voltada ao setor agropecuário.