Com foguetório, moradores do Barreiro celebram liberdade de presos após tiroteio do CV

Ataque, que teria sido orquestrado pelo Comando Vermelho, deixou dois mortos e nove feridos na região na madrugada de 4 de dezembro, em Belo Horizonte

Kaique Marlon da Silva Oliveira, que possui diagnóstico de autismo estava preso

Moradores do Conjunto Esperança, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, comemoraram com festa e foguetório a soltura de três membros da comunidade nesta sexta-feira (19). Eles haviam sido detidos após tiroteio durante um churrasco na quadra do bairro Flávio Marques Lisboa, na madrugada do dia 4 de dezembro.

A decisão pela liberdade foi proferida pelo juiz Roberto Oliveira Araujo Silva, sumariante da Comarca de Belo Horizonte. O magistrado fundamentou a soltura apontando a falta de elementos concretos e individualizados que justificassem a manutenção das prisões preventivas dos jovens.

O ataque e as prisões

O caso é tratado como invasão de criminosos ligados à facção Comando Vermelho, que utilizaram uniformes falsos da Polícia Civil para atacar rivais do tráfico de drogas na comunidade.

Durante o tiroteio um membro da facção invasora, que portava um fuzil, foi morto. Um jovem que participava do churrasco também morreu.

Três integrantes do Comando Vermelho foram presos, dois deles vestindo roupas policiais, um dos detidos possuía a tatuagem “CV Tropa do Bala” nas costas.

Revolta da comunidade

A prisão de cinco moradores que estavam no evento e acabaram baleados gerou forte indignação no Conjunto Esperança. Familiares e vizinhos sustentaram d esde o início que os rapazes eram inocentes e vítimas do confronto. Entre os detidos estava Kaique Marlon da Silva Oliveira, que possui diagnóstico de autismo e atraso intelectual.

Além de Kaique, deixaram a prisão nesta sexta-feira (19) Igor Alexandrino Rosa Gonçalves e Renan Pereira dos Santos. Outros dois moradores já haviam sido liberados anteriormente pela Justiça. O retorno dos jovens foi marcado por um clima de alívio e celebração entre os moradores da localidade com foguetório e bolo de aniversário para Kaique.

A advogada Bruna Vitebro, responsável pela defesa de Kaique Marlon da Silva Oliveira, manifestou-se com satisfação após a decisão que garantiu a liberdade dele.

“Recebemos com muita alegria e sentimento de dever cumprido essa decisão da Justiça. Sempre sustentamos que o Kaique, o Igor e o Renan foram vítimas de um cenário de guerra que eles não escolheram. A decisão do magistrado, ao reconhecer a falta de fundamentação para essas prisões, corrige uma injustiça contra moradores que estavam em um momento de lazer e acabaram baleados e presos. No caso do Kaique, sua condição de autista tornava o cárcere ainda mais desumano. Hoje a verdade prevaleceu e a comunidade do Barreiro pode, finalmente, respirar aliviada”, disse.

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Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde

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