Moradores do Conjunto Esperança, no Barreiro, realizaram um protesto pacífico na manhã desta segunda-feira (8) pedindo pela liberdade das pessoas que foram baleadas e, posteriormente, presas após um
O ataque, que teria sido
No entanto, familiares, amigos e vizinhos contestam a versão dos policiais, afirmando que
Famílias contestam envolvimento e denunciam constrangimento
Em meio ao protesto, diversas pessoas relataram a rotina pacífica do local e a inocência dos presos.
Cleidimar Guerra da Silva, mãe de Wallace Guerra, de 20 anos, baleado no pé, defendeu o filho. “No dia do acontecimento ele chegou do serviço meia noite, passou pelo local e aconteceu o que aconteceu. Meu sobrinho me mandou mensagem falando que ele levou um tiro no pé e saiu correndo... Nenhum deles tem envolvimento, são inocentes, trabalhadores. Todo mundo conhece todo mundo, aqui é uma praça que criança brinca”, contou em entrevista à Itatiaia.
Wellington Oliveira da Silva, de 38 anos, atingido por dois tiros nas pernas, descreveu o pânico e o constrangimento da prisão no hospital. “Chegaram pessoas atirando, a gente escutou tiro e gente correndo... Muita gente inocente foi baleada. Muitas pessoas estão presas inocentemente. E ninguém dá uma resposta. Não pegaram os meninos com nada, nem com roupa de polícia da civil, nem arma. Os meninos não tem passagem criminal. E aí, por que levaram os meninos presos?”, contou o morador.
Wellington também relatou ter sido algemado no hospital, mesmo sendo vítima. “Colocaram o algema em mim dentro do hospital, um constrangimento para quem é um trabalhador que não tem ficha criminal... Eu sou vítima, não sou criminoso, eu não tenho passagem. Eu ouvi voz de prisão dentro do hospital. [...] Eu consegui sair da delegacia na sexta, mas teve outros dois que foram para o presídio”, afirmou à reportagem.
Advogada questiona prisão de jovem com autismo
Nirlando Moreira de Oliveira, pai de Caíque Marlon Silva de Oliveira, de 25 anos, também atingido e preso, contou que ele não tem envolvimento criminal e tem transtornos mentais.
“O Caíque é um um rapaz querido aqui na comunidade. Todo mundo sabe do problema dele. Todo mundo trata ele bem aqui. A comunidade aqui já abraçou ele por ele ter a deficiência dele... ele não tem envolvimento com nada, nem sabe o que é arma. Ele foi atingido no braço e foi preso. Nenhum tem envolvimento com crime não”.
A advogada Bruna Viterbo assumiu a defesa de Caíque, que possui diagnóstico de autismo e transtornos mentais, e levanta questões sobre a conversão da prisão preventiva do jovem.
“Não foi observada a condição do Caíque como pessoa com deficiência intelectual. O Caíque tem um diagnóstico de autismo e de transtornos mentais. [...] Tivemos acesso [ao laudo], o Caíque ele não tem o discernimento das coisas.” A advogada afirmou que o laudo foi apresentado na audiência de custódia, mas as condições do jovem não foram levadas em consideração.
"É muito estranho, dentro da justificativa que foi para que fosse ensejada a prisão preventiva dele, é que ele que seria um olheiro, segundo a GEPAR. [...] Caíque tem 25 anos, ele nunca passou pelo sistema prisional, nem como adolescente. Então seria curioso, um homem de 25 anos ser olheiro teoricamente de uma facção e não ter nem passado pelo sistema prisional nem quando era menor”, contou a advogada À reportagem.
A comunidade e os familiares exigem uma reavaliação dos casos e a soltura dos presos, reafirmando que eles são vítimas de uma ação violenta e não criminosos.