Caso Alice: saiba quem são os garçons indiciados pelo feminicídio em BH

Pedido de prisão preventiva foi negado pela Justiça de Minas Gerais e dupla continua solta

Arthur Caique Benjamim de Souza (esquerda) e William Gustavo de Jesus do Carmo (direita)

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou, nesta quinta-feira (4), que indiciou dois funcionários do Rei do Pastel pelo feminicídio de Alice Martins Alves.

Os investigados, que trabalhavam como garçons na lanchonete, foram identificados como:

  • Arthur Caique Benjamim de Souza, de 27 anos;
  • William Gustavo de Jesus do Carmo, de 20 anos.

Segundo a PCMG, Arthur e William Gustavo perseguiram e espancaram a mulher trans na madrugada de 23 de outubro após ela deixar o estabelecimento sem pagar uma conta de R$ 22.

Em coletiva de imprensa, a delegada Iara França afirmou que, embora a dívida tenha sido o estopim para o crime, a motivação transfóbica tornou as agressões mais brutais. Não há indícios de participação de outros funcionários.

Após a conclusão do inquérito, a PCMG solicitou a prisão preventiva dos investigados. No entanto, o pedido foi negado pela Justiça de Minas Gerais, que argumentou não haver nexo causal entre as lesões da vítima e o óbito.

Delegada aponta transfobia

Arthur foi apontado pelas investigações como o coordenador do ataque, pois era o responsável pela mesa e deixaria de receber uma gorjeta de R$ 2,20 por conta da conta não paga. Ele tem passagens pela polícia por crimes de tentativa de roubo e uso de drogas.

William Gustavo juntou-se ao colega e perseguiu a mulher trans. Durante o espancamento, ele se referiu a Alice com o pronome “ele”, o que sinaliza a motivação transfóbica, segundo a delegada.

“O interesse deles era, realmente, punir a Alice pela identidade de gênero dela”, afirmou Iara França.

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Indiciados foram ouvidos no DHPP

Arthur e William Gustavo foram ouvidos no Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Eles se colocaram na cena do crime e reconheceram suas vozes nos áudios captados, mas alegaram que Alice se jogou no chão e tentou chutá-los.

Segundo a delegada, a versão apresentada pelos suspeitos foi facilmente desmentida, pois não apresentavam lesões e estavam em superioridade numérica e de porte físico.

Nota Rei do Pastel

Em nota publicada nas redes sociais no dia 14 de novembro, o Rei do Pastel se manifestou e disse estar à disposição das autoridades competentes desde o início das investigações.

“Ressaltamos a nossa solidariedade incondicional aos familiares e amigos da Alice, e destacamos que não compactuamos, em hipótese alguma, com ações discriminatórias referente a identidade de gênero, orientação sexual, raça ou qualquer outra natureza”, afirma o estabelecimento.

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Jornalista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia, escreve para Cidades, Brasil e Mundo. Apaixonado por boas histórias e música brasileira.
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.

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