Caso Alice: Polícia Civil pede que MP investigue possível negligência médica

Polícia Civil de Minas Gerais solicitou a prisão preventiva dos investigados, mas o pedido foi negado pela Justiça; agressores foram indiciados pelo feminicídio de Alice Martins

Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) deve investigar possível negligência médica na morte de Alice Martins Alves

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) deve investigar possível negligência médica na morte de Alice Martins Alves, informou a delegada Iara França, responsável pela investigação, em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (4) para divulgar os resultados do inquérito.

De acordo com a delegada, o órgão vai analisar o fato de Alice ter procurado atendimento médico, mas ter sido liberada. “Alice foi encaminhada no dia dos fatos para a UPA, posteriormente, no dia 26 para um hospital particular e no dia 8 de novembro para um hospital particular”, lembrou Iara França.

Leia também

“Alice compareceu na delegacia de crimes contra intolerância no dia 5 de novembro, ela estava acompanhada do pai. Ela foi levada ao IML, onde a médica constatou as lesões corporais que ela havia sofrido. O papel do IML é identificar as lesões sofridas”, continuou.

Alice foi agredida na noite de 23 de outubro, quando foi acusada pelos autores de ter deixado a pastelaria sem pagar uma conta de R$ 22. Após a agressão, ela foi socorrida em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e liberada.

Após voltar a sentir dores, foi internada em um hospital particular em Contagem, na Grande BH, no dia 26 de outubro, onde constatou costelas quebradas e lesões graves. No dia 8 de novembro, uma nova internação identificou uma perfuração no intestino, causada pelas agressões.

Alice morreu no dia seguinte, em um hospital particular de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por conta de uma infecção generalizada. De acordo com a delegada responsável pela investigação, o médico que atestou o óbito da mulher não acionou a Polícia.

“A Polícia soube do caso dia 10 de novembro, com o sepultamento. Nesse caso, tinha laudo de corpo de delito em direto, o que não torna necessário a necropsia”, explicou Iara França.

Suspeitos foram indiciados, mas não foram presos

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (4), que indiciou dois funcionários do Rei do Pastel, de 20 e 27 anos, pelo feminicídio de Alice Martins Alves.

Após a conclusão do inquérito, a PCMG solicitou a prisão preventiva dos investigados. No entanto, o pedido foi negado pela Justiça de Minas Gerais, que argumentou não haver nexo causal entre as lesões pela vítima e o óbito.

Nota Rei do Pastel

Em nota publicada nas redes sociais no dia 14 de novembro, o Rei do Pastel se manifestou e disse estar à disposição das autoridades competentes desde o início das investigações.

“Ressaltamos a nossa solidariedade incondicional aos familiares e amigos da Alice, e destacamos que não compactuamos, em hipótese alguma, com ações discriminatórias referente a identidade de gênero, orientação sexual, raça ou qualquer outra natureza”, afirma o estabelecimento.

Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas
Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.
Jornalista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia, escreve para Cidades, Brasil e Mundo. Apaixonado por boas histórias e música brasileira.

Ouvindo...