Caso Alice: ‘Ela só não morreu no dia 23 porque testemunha impediu’, afirma delegada

Polícia Civil revelou que estopim da morte de Alice foi dívida em pastelaria mas a motivação foi a transfobia

Motoboy ajudou mulher trans após as agressões

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu o inquérito da morte Alice Martins Alves, de 33 anos. Durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (4), a polícia revelou a autoria e a motivação transfóbica do crime.

Em declaração, a delegada Iara França questionou a permanência dos suspeitos em liberdade e detalhou os esforços da PCMG para comprovar a urgência da prisão.

“Todas as diligências que cabiam à PCMG foram efetivadas. Nós deixamos clara toda a motivação. Nós apresentamos ao Judiciário que a Alice foi agredida em 23 de outubro, que ela foi ameaçada e agredida.”, acrescentou.

Os dois suspeitos, de 27 e 20 anos, foram indiciados nesta quinta-feira (4).

A delegada detalhou que o estopim para as agressões foram uma dívida de R$ 22, mas reforçou que a motivação transfóbica fez com que o espancamento fosse mais brutal. Não existem indícios da participação de outros funcionários.

Laudos desmentem versão dos suspeitos

Apesar de todas as provas apresentadas, os mandados de prisão não foram expedidos. Os dois autores foram ouvidos e tentaram apresentar uma versão dos fatos que foi desmentida pela investigação e pelo laudo pericial.

“Os dois autores foram ouvidos, reconheceram as vozes e tentaram justificar de uma forma que não é possível”, declarou a delegada Franca. Os suspeitos alegaram que Alice teria se jogado ao solo e tentado subir na motocicleta do motoboy, caindo do veículo.

Essa versão foi negada pela principal testemunha: “Isso é negado pelo motoboy, que disse que ela pedia para ir para casa, mas ela não tinha forças para ficar na motocicleta”, pontuou a delegada.

Gravidade dos ferimentos comprova violência

A delegada Iara Franca reforçou que os exames periciais atestam a natureza brutal das agressões, invalidando qualquer tentativa de justificação dos autores.

“Nós sabemos pelos exames que foram feitos, com nariz e costelas quebradas, não teria como ela ter provocado isso sentando na calçada e jogando sozinha de um lado para o outro”.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde

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