Caso Alice: entenda por que 2º envolvido na morte de mulher trans não teve prisão decretada

Juíza afirmou que não há provas, até agora, de agressão física direta por parte de William Gustavo de Jesus do Carmo

Assassinato brutal de Alice causa comoção e revolta

Enquanto a Justiça decretou a prisão preventiva de Arthur Caique Benjamin de Souza, de 27, pela agressão que resultou na morte da mulher trans Alice Martins Alves, na Savassi, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, o outro envolvido no caso, William Gustavo de Jesus do Carmo, de 20, segue em liberdade.

Na decisão desta sexta-feira (19), a juíza Ana Carolina Rauen afirmou que a participação de William no crime ainda precisa ser melhor esclarecida, já que, até o momento, não há provas de que ele tenha cometido agressões físicas diretas contra a vítima.

Segundo a magistrada, as investigações indicam que William esteve no local, zombou de Alice e teria incentivado Arthur a continuar com as agressões, mas não há indícios seguros de que ele tenha desferido socos ou chutes, usado violência física direta ou impedido a vítima de fugir e buscar socorro.

“Ausente, por ora, prova de que tenha praticado agressão física ou impedido a vítima de se afastar”, destacou a juíza na decisão.

Arthur Caique Benjamim de Souza (esquerda) e William Gustavo de Jesus do Carmo (direita)

De acordo com o entendimento da Justiça, os chutes e socos que causaram fraturas e a perfuração intestinal — lesões que levaram à morte de Alice — foram atribuídos exclusivamente a Arthur, apontado como o autor das agressões mais graves.

Por isso, a juíza avaliou que a situação jurídica de William é diferente da de Arthur. A suposta participação de William, classificada como moral — ou seja, por incentivo ou instigação — ainda precisa ser analisada com mais profundidade durante a fase de instrução do processo, quando testemunhas serão ouvidas e provas analisadas.

Neste momento, segundo a decisão, não há elementos que indiquem risco à ordem pública ou periculosidade que justifiquem a prisão preventiva de William.

Já no caso de Arthur, a prisão foi considerada necessária não só pela violência extrema, mas também por ameaças a testemunhas. Conforme a investigação, ele teria intimidado um motoboy que tentou ajudar Alice, afirmando que “sabia que ele rodava pela região”.

A Justiça ressaltou que a negativa da prisão preventiva de William não é definitiva. Caso surjam novas provas que indiquem uma participação mais direta no crime ou riscos ao andamento do processo, a decisão poderá ser revista.

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O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pediu novamente a prisão preventiva dos dois garçons. O pedido, protocolado na terça-feira (16), aguarda análise do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Segundo o promotor Guilherme de Sá Meneghin, a prisão de Arthur e William é necessária para garantir a ordem pública e a aplicação da lei penal.

A solicitação ocorreu após manifestação da assistência de acusação, que representa a família da vítima. Antes, a juíza Ana Carolina Rauen Lopes já havia negado pedidos semelhantes.

A Justiça de Minas Gerais informou, no último dia 10, que aceitou a denúncia do Ministério Público (MPMG) e tornou réus os dois garçons acusados de matar a mulher trans Alice Martins Alves, em Belo Horizonte.

Arthur e William Gustavo foram denunciados pelo crime de feminicídio qualificado.

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.

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