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Passageiros denunciam falta de assistência da Azul após voos cancelados na Espanha

Brasileiros estão retidos em Madri após sucessivos cancelamentos; empresa alega problema técnico no avião

Voo da Azul

Brasileiros estão há dias na Europa tentando voltar para o país depois do cancelamento de um voo da Azul Linhas Aéreas, que deveria sair de Madri, na Espanha, com destino ao aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), na tarde do último sábado (11).

O avião nunca decolou por causa de problemas mecânicos. Passageiros afirmam que não receberam suporte da companhia aérea e que os voos de reacomodação marcados para os dias seguintes também foram cancelados.

Akemi Duarte, passageira de Belo Horizonte, contou que precisou pagar do próprio bolso uma nova passagem para conseguir retornar ao Brasil.

“Não tinha nenhum funcionário da Azul. As pessoas saíram do avião e ficaram perdidas, sem saber para onde ir. Depois de um tempo, apareceu um funcionário dizendo que seríamos acomodados em hotéis. Fomos colocados num voo para o dia 13, à meia-noite e dez. Mas, no meio do caminho, recebemos um e-mail dizendo que o voo havia sido transferido para segunda-feira, às 14h. Quando acordamos, já vimos outro aviso de que esse voo também havia sido cancelado. A nova data era quarta-feira, 15 de outubro, às 14h — só que nossa reserva sumiu do aplicativo. A gente não tinha garantia de nada”, relatou.

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Segundo a passageira, o grupo decidiu comprar novas passagens, sem ajuda da empresa. “Estamos todos no hotel, sem saber o que fazer da vida. Temos compromissos no Brasil que não podem esperar”, completou.

A Amanda Ferraz da Silva, de Sorocaba (SP), disse que perdeu eventos importantes por causa da demora.

“Eu tinha o casamento da minha prima e não consegui chegar a tempo. No dia seguinte teria o aniversário de casamento dos meus tios e também perdi. O atendimento da Azul foi péssimo. Não havia nenhum funcionário no desembarque para dar informações, e as duas funcionárias que encontramos no aeroporto foram extremamente mal-educadas. A Azul em Madri só opera quatro horas antes dos voos, então ficamos completamente sem suporte”, afirmou.

A Vitória Lara, outra passageira, contou que teve que improvisar para lidar com os dias extras na Espanha.

“Foi tudo muito caótico. Os voos vinham sendo cancelados sem explicação. Estou há mais de 15 dias aqui, e agora estou numa lavanderia, porque não tinha mais roupa limpa. Minha filha está desesperada, e a gente segue sem saber quando vai conseguir voltar”, desabafou.

A Maria Victoria Gallo também relatou desorganização e falta de informação:

“Perguntamos se haveria alguém para nos orientar no desembarque e disseram que sim. Mas, quando descemos, não havia ninguém da Azul, nem voucher de alimentação ou hospedagem. Era cada um por si — quem fosse mais rápido se virava melhor”, disse.

Especialista recomenda que passageiros se documentem

A advogada Luciana Ateniense, especialista em direito do consumidor, orienta que os passageiros guardem todos os comprovantes de gastos e comunicações com a empresa.

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“O consumidor deve documentar tudo — recibos de alimentação, hospedagem e transporte —, porque a permanência no exterior não ocorreu por vontade própria, mas por imposição da companhia aérea. Também é importante solicitar uma declaração formal da empresa explicando o motivo do cancelamento. Casos como esse devem ser registrados nos canais de atendimento e, se não houver acordo, é possível acionar a Justiça”, explicou.

O que diz a Azul

Em nota, a Azul informou que os passageiros afetados estão sendo reacomodados em outros voos e que as equipes trabalham para minimizar os transtornos. A companhia lamentou o ocorrido e afirmou que o cancelamento foi necessário por motivos de segurança.

Formado em jornalismo pela PUC Minas, foi produtor do Itatiaia Patrulha e hoje é repórter policial e de cidades na Itatiaia. Também passou pelo caderno de política e economia do Jornal Estado de Minas.