‘Indícios de feminicídio’, diz delegado sobre suspeito de matar mulher e forjar acidente

Henay Rosa Gonçalves Amorim foi encontrada morta no domingo (14) após uma colisão na MG-050; Alison de Araújo Mesquita foi preso em flagrante na segunda (15)

‘Indícios de feminicídio’, diz delegado sobre suspeito de matar mulher e forjar acidente

A Polícia Civil (PCMG) apresentou, nesta terça-feira (16), os detalhes da investigação que apura o caso de um homem suspeito de matar a mulher e forjar um acidente de trânsito na MG-050, nas proximidades de Itaúna, na Região Centro-Oeste de Minas.

O caso aconteceu na manhã de domingo (14). Alison de Araújo Mesquita, de 43 anos, foi preso nessa segunda-feira (15) em Divinópolis durante o velório da vítima, identificada como Henay Rosa Gonçalves Amorim, de 31.

Segundo o delegado Flávio Destro, as informações coletadas pela PCMG apontam para “indícios fortíssimos de ter havido feminicídio e de que, no momento do acidente, a vítima já estava morta”.

“O inquérito policial não está encerrado. Diligências complementares estão sendo aguardadas, porém, até este momento, os indícios são muito fortes”, afirmou.

Acidente na MG-050

Na manhã de domingo (14), Alison e Henay viajavam pela MG-050 em um Volkswagen T-Cross. A mulher estava no banco do motorista e o homem como passageiro. O automóvel se chocou com um micro-ônibus que seguia na direção contrária da rodovia.

Pistas que apontam para feminicídio

Os primeiros a suspeitar de feminicídio foram os familiares da vítima, que acionaram a Polícia Civil para apurar as circunstâncias do acidente.

Quando passaram por um pedágio, a funcionária da praça se espantou, pois Henay estava desacordada e Alison conduzia o carro sentado no banco do passageiro. Segundo a PCMG, o veículo é automático e o homem dirigia usando um pé para acionar o freio e o acelerador.

Após a colisão, uma testemunha desceu do micro-ônibus para resgatar os ocupantes do carro. Ele relatou às autoridades que a mulher estava “gelada” instantes após o acidente.

João Marcos Ferreira, investigador e escrivão da Polícia Civil, afirmou que o tempo mínimo para o corpo de uma pessoa começar a resfriar é de duas horas após o óbito.

Exames necroscópicos identificaram lesões que indicam asfixia como possível causa da morte de Henay.

Capturas de tela obtidas no telefone celular da vítima mostram relatos de que ela sofria violência doméstica.

Suspeito nega feminicídio

Alison de Araújo Mesquita foi preso em flagrante durante o velório da vítima. Conforme o boletim de ocorrência, ele não esboçou reação à prisão e não confessou o crime.

Ao ser questionado pela Polícia Civil, o suspeito confessou que agrediu Henay durante o trajeto na rodovia MG-050 e detalhou que bateu com força a cabeça da mulher contra o veículo.

Alison alegou que a vítima ficou inconsciente durante a passagem pelo pedágio, mas disse que ela acordou depois e, consciente, teria provocado a colisão contra o micro-ônibus. Essa versão é refutada pelas provas obtidas pela PCMG.

Exames localizaram marcas de unhadas no braço e no rosto do suspeito, as quais ele afirmou terem sido feitas pela companheira.

Briga começou em apartamento em Belo Horizonte

O suspeito também confessou que agrediu a vítima antes da viagem, em um apartamento em Belo Horizonte. Uma equipe do DHPP (Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa) foi ao local e constatou marcas de sangue.

Diligências complementares que serão realizadas pela PCMG analisarão se o sangue era de Henay e se ela saiu do apartamento consciente, viva ou morta.

Relacionamento conturbado

Segundo a PCMG, o relacionamento do casal, que vivia junto há cerca de sete meses, era descrito como “extremamente conturbado” e marcado por agressões frequentes.

“Era um relacionamento extremamente conturbado, com relatos de agressões, inclusive episódios graves provocados por ele. Era algo corriqueiro”, concluiu o delegado, que acredita que, por medo, a mulher não procurou a polícia para registrar as ocorrências.

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Jornalista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia, escreve para Cidades, Brasil e Mundo. Apaixonado por boas histórias e música brasileira.

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