A Justiça de São Paulo tornou os policiais militares Alan Wallace dos Santos Moreira (tenente da Força Tática), de 25 anos, e Danilo Gehring (soldado), de 24, réus por homicídio qualificado, após acatar a denúncia do Ministério Público.
Os agentes são acusados de matar um homem em situação de rua, com tiros de fuzil, no centro da capital paulista, em junho. De acordo com o promotor Enzo Boncompagni, o homicídio praticado pelos policiais tem ainda dois agravantes processuais: qualificadoras de motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima, que já estava rendida e não ofereceu resistência.
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Os PMs estão presos desde o mês passado e vão responder pelos crimes de homicídio doloso (quando há intenção de matar), falsidade ideológica e obstrução da Justiça.
Relembre o caso
O caso ocorreu em 13 de junho deste ano, quando os agentes realizavam patrulhamento de rotina na região do Brás. Eles abordaram o homem após vê-lo descendo de uma árvore.
Os militares constataram que a vítima não portava documentos e a levaram para trás de um pilar sob o Viaduto 25 de Março. Lá, Alan Wallace executou o homem com três tiros de fuzil, apesar de ele estar rendido e subjugado. Ele foi atingido na cabeça, tórax e braço.
O outro PM, Danilo Gehring, foi considerado réu ao “aderir ao propósito homicida de seu colega de farda”, pois colocou a mão sobre a lente da câmera corporal no momento dos disparos para obstruir o registro da execução.
O PM Danilo Gehrinh prestou “auxílio moral e material ao executor, na medida que participou da abordagem e da rendição da vítima”, de acordo com o MP.
Versão desmentida pela câmera corporal
A versão inicial apresentada pelos PMs era de que o homem teria resistido à abordagem e tentado arrebatar a arma de um dos policiais. Porém, a análise das câmeras corporais feita pela Corregedoria da Polícia Militar apontou que o morador de rua estava desarmado e dominado no momento do crime, sem apresentar ameaça aos militares. Em julho, o porta-voz da Polícia Militar de São Paulo classificou como “inaceitável” e “vergonhosa” a conduta dos policiais.