A Polícia Federal, a Receita, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) estão coletando elementos e amostras em 24 empresas, incluindo atuantes do setor sucroalcooleiro, importadores e distribuidores de
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A Operação Alquimia é um desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, que revelaram um esquema de adulteração de combustíveis com metanol. Há fortes indícios de que esse combustível adulterado esteja sendo utilizado na fabricação clandestina de bebidas alcoólicas, configurando uma cadeia de irregularidades com alto potencial de risco à saúde pública.
Entenda a cadeia de produção
Importadores - São responsáveis pela entrada do metanol no país, utilizando-o em seus processos produtivos e revendendo o produto para empresas químicas.
Nos terminais marítimos, empresas movimentam volumes expressivos de metanol, que permanecem nesses locais até serem encaminhados às unidades fabris ou aos clientes finais. Quando há vendas a terceiros, os produtos são despachados diretamente dos terminais ao destino.
Empresas químicas - Adquirem o metanol de importadores para uso industrial ou para revenda a outras indústrias químicas. Indícios consistentes apontam que algumas delas desviaram parte do produto, retirando-o indevidamente da sua cadeia regular de produção, conforme o comportamento comercial observado.
Destilarias investigadas - Teriam adquirido metanol por meio de empresas conhecidas como “noteiras”. As notas fiscais indicavam caminhões e motoristas que, contudo, nunca chegaram aos destinos informados, sugerindo possível fraude documental.
Usinas, produtoras e distribuidoras de etanol anidro e hidratado - Também estão sendo verificadas por atuarem em pontos estratégicos da cadeia, fundamentais para rastrear eventuais lotes adulterados ou irregularidades na destinação do produto.
Quais são os riscos do consumo de metanol?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em bebidas alcoólicas o metanol deve estar presente em níveis inferiores a 0,1%. Considerando que se trata de uma substância altamente tóxica, mesmo o percentual máximo de 0,5% permitido em combustíveis já seria suficiente para causar graves danos à saúde. Por esse motivo, é proibido o uso de combustíveis na fabricação de bebidas alcoólicas.
Prejuízos
O Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP) aponta que já chegam a R$ 85,2 bilhões os prejuízos do setor de bebidas alcoólicas e a sonegação de tributos decorrentes de práticas como adulteração, falsificação, contrabando e produção em fábricas clandestinas.