“Recomendamos às famílias que não permitam, ou que evitem que seus filhos tragam celulares para a escola”, é o que diz o comunicado de uma escola particular de Belo Horizonte a dois dias do início do ano letivo de 2025. A recomendação da instituição
Sancionada pelo presidente Lula, a medida tem sido bem vista por muitos profissionais da educação, mas é percebida por alunos, principalmente os adolescentes, como um absurdo. “Como que vou avisar meus pais que eu cheguei? Como vou fazer o Pix para comprar lanche? Isso é ridículo, eu não vou entregar meu celular”, é a fala de uma adolescente em um vídeo publicado nas redes sociais.
Em contraponto aos estudantes,
Pai de duas meninas, uma de 16 anos e outra de 13, Rafael Marcos, também vê a nova norma com bons olhos. “O
Dificuldade de concentração
Um dos grandes pontos que faz o celular ser considerado um aspecto crítico nas escolas, é que o dispositivo está associado a
Na convivência com as adolescentes, Rafael consegue ver a influência dos celulares na vida das jovens. Ele e a esposa restringem o tempo de uso do dispositivo por semana e permitem que as jovens administrem como vão utilizar o tempo disponível. Contudo, apesar dos esforços, a família de Rafael sente na pele os danos causados pelo uso de telas.
“Houve uma vez que uma delas excedeu o limite de uso, e quando fomos conferir, ela deveria ficar o resto da semana sem o celular. O que aconteceu é que ela ficou extremamente nervosa e ansiosa”, conta o Engenheiro Eletricista.
Verdin esclarece que situações como essas comuns no início do processo de ‘desconexão’ dos estudantes. “Alguns alunos podem sentir dificuldade em se desconectar e em encontrar outras formas de entretenimento e interação social. O diálogo com as famílias será essencial para esclarecer os benefícios dessa medida e garantir que ela seja compreendida e apoiada”, informa.
Regras e diálogo entre escola e família
A advogada Flávia Campos, tem dois filhos, um deles é adolescente. Ela vê nas regras, tanto na escola, quanto em casa, como uma solução para diminuir as implicações negativas do celular na vida dos filhos. “Ele tem acesso a uma ferramenta que dá muito acesso à informação e, às vezes, a conteúdos que não são adequados e apropriados para determinadas idades. Aqui em casa ele segue regras bem rígidas para qualquer tipo de eletrônico, tem horário e os sites bloqueados”.
Embora Rafael e Flávia percebam os riscos da exposição excessiva dos dispositivos, Verdin explica que não são todos os pais que concordam com a medida. “Muitos ainda não têm total consciência dos impactos negativos do uso excessivo de telas e podem considerar essa regra como uma restrição exagerada. Para alguns responsáveis, o celular é visto como uma ferramenta essencial para garantir a segurança dos filhos e acompanhar sua rotina, o que pode gerar resistência à mudança. Porém, o ambiente virtual pode trazer vários prejuízos se não houver uma orientação adequada”, pontua o educador.
Para Verdin, o diálogo entre as famílias é o aspecto crucial para que a implementação das restrições sejam menos traumáticas para as crianças e adolescentes. "É necessário reforçar os laços de parceria e confiança entre família e escola para que os benefícios da proibição sejam percebidos pelos responsáveis e pelos alunos. Vamos promover espaços de diálogo para explicar os efeitos do uso excessivo de telas e demonstrar como a restrição pode contribuir para um melhor desempenho acadêmico e social dos alunos”, conclui o professor.