Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, executado a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na última sexta-feira (8), entregou esquemas criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC) e de corrupção policial em depoimentos dados ao Ministério Público de São Paulo nos últimos meses.
Após o acordo da delação premiada, Vinicius Gritzbach acabou virando um homem jurado de morte. Em alguns trechos obtidos pelo Fantástico, Vinicius explica como funcionava sua participação no PCC e também como policiais civis atuavam.
Antônio Vinicius fazia sucesso no ramo imobiliário e foi como corretor que ele começou a se envolver com o crime. Ele fazia negócios com algumas pessoas ligadas ao PCC, uma delas Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como ‘Cara Preta’, assassinado em dezembro de 2021. Uma denúncia anônima apontou Vinícius como o mandante, e no início de 2022 e ele foi preso.
No vídeo da audiência com o juiz, Antônio Vinícius negou a autoria do crime e disse que havia encontrado Anselmo um dia antes. Ainda durante o depoimento, ele contou também que membros do PCC o sequestraram e o ameaçaram de morte.
“Nesse momento, ele levantou, pôs a arma na minha cabeça e falou se você errar a senha, eu sei que você quer apagar o celular, vou te matar aqui mesmo. Você não vai pegar mais nesse celular só vai se despedir de sua família”, contou.
Vinícius foi solto, mas acabou denunciado pelas mortes e aguardava julgamento. Na mesma época, ele também passou a ser alvo de outra investigação - de lavagem de dinheiro para o PCC. No fim de 2023, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público de São Paulo, ofereceu um acordo de delação premiada. O primeiro advogado, Ivelson, que não concordava com a delação, deixou o caso. E a defesa de Vinícius ficou com Aristides Zacarelli.
Denúncia contra policiais civis
Oito dias antes do ataque no aeroporto, Vinicius havia denunciado à Corregedoria da Polícia Civil que havia sido roubado por investigadores. Antônio Vinicius contou que, na primeira vez em que foi preso, levaram uma bolsa com R$ 20 mil de sua casa e uma caixa com uma coleção de relógios luxuosos, devolvida, mas com cinco relógios a menos. Depois, ele reconheceu um desses relógios em várias fotos nas redes sociais de um dos policiais. As imagens, segundo Vinícius, foram apagadas depois da denúncia.
“Nós estamos proibidos de revelar o teor, inclusive esse depoimento que ele deu na Corregedoria, faz parte do acordo de delação premiada. E isso foi muito recentemente, ainda está em apuração por parte da Corregedoria”, explicou Lincoln Gakiya.
Executado a tiros no aeroporto
Vinicius voltava de Maceió com a namorada e seria recebido pelo filho no aeroporto, que estava acompanhado de quatro seguranças - todos os policiais militares. De acordo com Guilherme Flauzino, advogado dos policiais que faziam a segurança, eles não têm envolvimento na execução do empresário.
“Estavam apenas trabalhando, fazendo seu bico. Eles cuidavam do filho do Vinícius como se fosse filho deles”, explicou.
Os PMs que trabalhavam na segurança de Vinícius foram ouvidos e estão afastados das funções na corporação temporariamente. Em nota a Polícia Civil informou que armas que estavam em mochilas encontradas perto do aeroporto serão periciadas. Elas podem ter sido usadas no ataque e que as investigações prosseguem.
Quando foi morto, o empresário trazia na bagagem joias que, segundo a polícia, estariam avaliadas em R$ 1 milhão. Elas seriam o pagamento de uma dívida e um dos motivos para a viagem até Maceió.