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Síndrome de Cushing: entenda por que tratamento fez brasileira mudar o tom de pele

Doença rara faz com que corpo produza cortisol em excesso; tratamento para baixar seus níveis no corpo pode aumentar o MSH (hormônio que estimula a melanina)

Sabrina Gomes, de 24 anos, passou por uma mudança no tom de pele devido a um efeito colateral de um tratamento contra a síndrome de Cushing, uma doença rara que altera a produção do hormônio cortisol - que ajuda a regular o metabolismo, controlar pressão sanguínea e reduzir inflamações. Além da doença, a jovem também trata desde os 18 anos um timoma, um tumor raro no timo (glândula que fica atrás do osso esterno).

Por causa da condição de saúde, a jovem, que é de Fortaleza, no Ceará, retirou as glândulas adrenais (que ficam acima dos rins e liberam o cortisol no organismo). De acordo com o médico endocrinologista Levimar Araújo, o procedimento é comum para pacientes que sofrem com a síndrome de Cushing. No entanto, o tratamento pode ter alguns efeitos colaterais, como a mudança de tonalidade da pele.

“Como ela retirou as glândulas adrenais, isso estimulou o ACTH, que é o hormônio que controla a produção de cortisol. Então, esse ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) é da mesma família do hormônio melano estimulante (MSH). Quando tem uma alteração do ACTH, o MSH vai junto. Então, a pessoa muda de cor”, explica o médico.

Levimar afirma que a mudança de coloração pode ser parcial ou totalmente reversível. Mas, para isso, é necessário ajustar a dosagem de cortisol no corpo. “O ideal aí é aumentar um pouquinho o cortisol. Como foram retiradas as glândulas adrenais, ela parou de produzir cortisol e isso eleva o ACTH e o MSH. Por isso que muda a coloração da pele. Essa alteração não tem a ver com esse tumor raro (timoma)”, afirma.

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O que é a síndrome de Cushing?

A síndrome de Cushing acontece quando o corpo produz um nível elevado de cortisol, hormônio liberado pelas glândulas adrenais. O cortisol regula importantes processos fisiológicos e é conhecido como o “hormônio do estresse”, já que ajuda o corpo a ter foco e energia.

O cortisol ainda ajuda a regular a pressão sanguínea, o metabolismo e o ciclo circadiano (ele auxilia o corpo a despertar pela manhã, quando os níveis de cortisol estão altos, e promove o sono à noite, quando eles estão baixos). O hormônio também funciona como um importante anti-inflamatório.

O risco do cortisol em excesso

O endocrinologista alerta para os perigos do cortisol em excesso. “Você tendo um cortisol em excesso, você pode aumentar os hormônios que aumentam a pressão, a glicose, o potássio e o sódio. O aumento do cortisol pode causar todos esses problemas metabólicos”, detalha.

Levimar também afirma que a alta de cortisol no organismo faz com que o corpo acumule gordura. “O cortisol em excesso vai depositar muita gordura no tecido do abdômen, do pescoço e rosto. A pessoa também começa a ter estrias violáceas, causadas pelo rompimento do tecido conjuntivo”, comenta.


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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.
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