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Droga Clara é investigada por informar ‘doença grave’ a idoso e constrangê-lo a pagar R$ 1.200 em remédios

Polícia Civil recebeu de 30 a 40 denúncias sobre o mesmo golpe, sendo os idosos a maior parte dos afetados; a rede de farmácias de BH afirma que o valor foi ressarcido e que age conforme preceitos “éticos, sanitários e jurídicos”

Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão em quatro lojas da rede e nas residências dos proprietários

A Polícia Civil de Minas Gerais revelou, nesta terça-feira (15), detalhes sobre a operação realizada em quatro lojas da Droga Clara, uma rede de farmácias de Belo Horizonte. Na manhã de segunda (14), os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão nos estabelecimentos e nas casas dos proprietários. A empresa é investigada por irregularidades que ferem o Código de Defesa do Consumidor, especialmente em relação a clientes idosos.

A investigação começou a partir de uma denúncia no Procon da Assembleia Legislativa. Um idoso de 80 anos foi até o órgão reclamar que foi em uma das lojas da rede comprar um remédio para dor, mas acabou sendo enganado e teve que pagar mais de R$ 1 mil em remédios.

“Ele foi abordado por funcionários que disseram que ele teria aferição de pressão arterial e glicose gratuitos. Ele foi levado para uma sala, provavelmente a sala do farmacêutico, aferiram a pressão arterial e disseram que ele estava com um problema muito sério de saúde. Nisso, já chegaram com um combo de suplemento alimentício e de vitaminas, por volta de 4 frascos, afirmando que aquilo ali seria a resolução dos problemas. Ele acreditou que ele estava gravemente doente e foi levado a uma situação de adquirir aqueles suplementos por um valor de mais ou menos R$ 1.200", explicou a delegada Elyenni Célida, da Delegacia de Defesa do Consumidor.
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Além de fazer com que o idoso levasse mais medicamentos do que o necessário, os funcionários ainda criaram um cartão de crédito para ele sem autorização.

“Eles pediram o documento de identidade dele e pediram que uma “foto”, que a gente sabe que é uma biometria facial. Ele disse que, em toda humildade e desconhecimento, ainda perguntou para quê, se tinha ido comprar um remédio para dor e estava levando suplementos vitamínicos. Eles disseram que era normal, que era para ele ganhar um desconto nesses suplementos. Em momento algum ele sabia que estava aderindo a um cartão de crédito”, destacou a delegada Célida.

O idoso alega que os funcionários disseram que a conta havia dado um valor menor do que os R$ 1.200 cobrados. Ele chegou a dizer que não tinha como pagar, mas foi informado que a quantia seria parcelada. No entanto, a forma do parcelamento não foi explicada.

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“Quando ele foi embora no transporte público, ele recebeu um SMS dizendo que tinha feito uma compra no valor de R$ 1.200 parcelado em quatro vezes. Ele assustou, se sentiu muito lesado. Primeiro, porque ele não pediu para aderir a um cartão de crédito. Segundo, porque não sabia desse valor exorbitante e ainda assustado por um quadro de saúde que seria gravíssimo”, disse a delegada.

A partir da denúncia do idoso, a Polícia Civil começou a investigar a rede de farmácias por estelionato, crimes previstos no Código de Defesa contra o Consumidor, como enganar e ludibriar o consumidor, além de exercício irregular de medicina. “Não tem condições prescrever e dizer que uma pessoa sã está com a carência de vitamina sem fazer um exame”, comenta Célida.

Segundo a Polícia Civil, de 30 a 40 pessoas denunciaram a Droga Clara pelo mesmo golpe. Todas são consideradas mais frágeis, como idosos sem acompanhamento, pessoas com capacidade intelectual reduzida e alguns até com problemas de visão.

O que diz a Droga Clara

Em nota, a Droga Clara informou que fez o estorno dos R$ 1.200 pagos pelo idoso e age com “compromisso com a transparência e ética nos serviços financeiros, na responsabilidade com o cliente e na conformidade com as normas sanitárias”.

Veja a nota na íntegra:

“A Droga Clara vem a público reafirmar seu compromisso com a ética, o respeito e a transparência em todas as suas operações. Somos uma rede com mais de 20 anos de atuação, 40 lojas e nosso trabalho é sério, pautado no cuidado da saúde e bem-estar de nossos consumidores.

Esclarecemos, que todas as nossas atividades são rigorosamente conduzidas em conformidade com as normas sanitárias e jurídicas estabelecidas pelas autoridades competentes, garantindo que atuamos dentro dos mais altos padrões de conformidade legal e regulatória.

Conformidade com Normas Sanitárias e Regulamentares

A venda de vitaminas em nossas lojas segue estritamente as diretrizes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que regulamenta a comercialização de produtos farmacêuticos e suplementos alimentares. Garantimos que todos os produtos disponíveis em nossas prateleiras são registrados e aprovados pela ANVISA, e que nossa equipe de farmacêuticos está devidamente treinada e qualificada para orientar os clientes sobre o uso adequado desses produtos, conforme as normativas vigentes.

Transparência e Ética na Oferta de Serviços Financeiros

No que tange à adesão de cartões de crédito, a Droga Clara assegura que todos os processos são realizados de acordo com as normas estabelecidas pelo Banco Central do Brasil e demais órgãos reguladores do sistema financeiro. Todas as informações relevantes sobre os produtos financeiros oferecidos são claramente comunicadas aos clientes, em conformidade com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), garantindo total transparência e compreensão das condições, taxas e encargos envolvidos.

Responsabilidade e Compromisso com o Cliente

Nosso compromisso com o cliente vai além do cumprimento das normas legais e regulatórias. A Droga Clara adota políticas rigorosas de responsabilidade corporativa, visando sempre o bem-estar e a segurança de todos, clientes, colaboradores, prestadores de serviços, fornecedores, etc. Estamos sempre empenhados em proporcionar um atendimento de excelência, assegurando que todas as interações sejam pautadas pela integridade, respeito e clareza.

Reiteramos que a confiança depositada em nossa marca é tratada com a máxima seriedade. Trabalhamos incessantemente para manter a qualidade dos nossos produtos e serviços, oferecendo um ambiente seguro e acolhedor para nossos clientes.

A Droga Clara continuará a monitorar e adaptar suas práticas em resposta a quaisquer mudanças nas regulamentações e necessidades dos nossos consumidores, sempre com o objetivo de manter a transparência e a responsabilidade em todas as nossas operações.

Referente ao caso citado, foi realizado o pós-venda com o cliente, o mesmo alegou insatisfação com o produto e o valor foi estornado, conforme previsão no Código de Defesa do Consumidor. Assim é feito com todos os clientes que nos procuram, agimos dentro da lei e as conformidades”.


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Jornalista formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Na Itatiaia desde 2008, é “cria” da rádio, onde começou como estagiário. É especialista na cobertura de jornalismo policial e também assuntos factuais. Também participou de coberturas especiais em BH, Minas Gerais e outros estados. Além de repórter, é também apresentador do programa Itatiaia Patrulha na ausência do titular e amigo, Renato Rios Neto.
Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.