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Vítima de transplante de órgão com HIV diz não ter recebido assistência até caso vir à tona

Em entrevista ao Fantástico, a mulher afirmou ter recebido um rim infectado

PCS Lab Saleme foi quem realizou os exames errados

Uma das vítimas infectadas com o vírus HIV após um transplante de órgão diz não ter recebido nenhuma assistência governamental antes do caso vir à tona na última quinta-feira (10). Além dela, outras cinco pessoas foram contaminadas com o vírus após receberem órgãos infectados no Rio de Janeiro, algo jamais visto no Brasi.

Em entrevista ao Fantástico, a mulher, que não quis se identificar, recebeu um rim infectado. "É como se o chão se abrisse e você... Sabe? Porque é a minha vida e daqui pra frente a minha vida mudou. A minha família tá revoltada, porque a gente entra lá com a maior confiança de que vai dar tudo certo”, disse.

A mulher antes tomava apenas remédios para não ter rejeição do órgão novo. Daqui pra frente, terá que tratar a infecção, que não tem cura.

A falha aconteceu em uma das unidades da Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme), contratada pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Os laudos da clínica atestavam que os doadores não tinham o vírus, o que não era verdade. Os dois doaram nove órgãos, e seis pessoas foram infectadas.

A mulher recebeu a notícia do órgão infectado no último dia 3, foi encaminhada a um posto e teve a infecção constatada. Porém, ela não recebeu outras orientações sobre a doença e só se consultaria novamente no dai 29 deste mês.

Ela foi procurada pelas autoridades após a notícia vir à tona na última quinta-feira (11), após uma matéria da Band News FM. Ela tem uma consulta marcada para esta terça-feira (15).

Outro paciente, que recebeu uma córnea de um dos doadores, acabou não sendo infectado, mas também não teve assistência após ter sabido da notícia.

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O caso

Um caso inédito na história do Brasil aconteceu neste ano no Rio de Janeiro: seis pacientes transplantados foram contaminados com HIV após receberem órgãos infectados com o vírus.

O caso só foi descoberto quando um dos pacientes procurou atendimento médico no Rio no dia 10 de setembro com o vírus. Antes do transplante, o paciente havia testado negativo para HIV. A Secretaria de Saúde foi notificada e iniciou a investigação, que constatou que os doadores estavam doentes.

Assim que o caso foi descoberto, os serviços da clínica foram interrompidos e, desde então, o Hemorio realiza os exames. O laboratório tinha 39 irregularidades como falta de licença para funcionar, amostras de sangue sem identificação, material biológico armazenado em geladeira comum, ar-condicionado sem funcionamento, funcionários sem treinamento, entre outros.

O caso é investigado pela Polícia Federal.

Sócio preso

Um dos responsáveis pelo laboratório, Walter Vieira, foi preso nesta segunda-feira (14) pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Ele, que é ginecologista, assinou um dos laudos com o falso negativo. Vieira é tio do deputado federal Dr. Luizinho (PP), ex-Secretário de Saúde do RJ.


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Jornalista formada pela PUC Minas. Mineira, apaixonada por esportes, música e entretenimento. Antes da Itatiaia, passou pelo portal R7, da Record.