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Município indenizará filha de Testemunha de Jeová por transfusão de sangue contra a vontade da mãe

Mulher diagnosticada com leucemia afirmou que não queria receber tratamentos com transfusão de sangue, mas hospital fez mesmo assim

Testemunhas de Jeová não autoriza transfusão de sangue

O município de Taubaté, em São Paulo, foi condenado a pagar R$ 35 mil a filha de uma mulher Testemunha de Jeová que recebeu transfusão de sangue contra a vontade antes de morrer. A condenação foi feita pela 5ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Conforme o processo, a mulher era adepta da religião Testemunhas de Jeová, foi diagnosticada com leucemia e recebeu indicação de tratamento com transfusão sanguínea após apresentar quadro de anemia crônica. Contudo, ela recusou o procedimento afirmando que ia contra a fé dela e pediu por outros métodos de tratamento.

A paciente teve uma piora no quadro de saúde, precisou ser sedada e a equipe médica acabou realizando a sedação. Ela morreu algum tempo depois.

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Para a desembargadora Maria Laura Tavares, houve violação dos direitos fundamentais da mãe da autora do processo. "[a paciente era] pessoa capaz, que manifestou a sua vontade ao não recebimento da transfusão de sangue de forma livre e informada, em situação que não se caracteriza como de urgência e emergência, para o tratamento de doenças próprias e das quais tinha pleno conhecimento, tendo compreendido e consentido com os riscos da sua escolha, inclusive à sua vida, ao mesmo tempo, em que aceitou e recebeu tratamentos alternativos que buscaram a preservação da sua vida”, comentou.

“Os danos reflexos sofridos pela autora são de ordem imaterial, pois atingiram valores que lhe são muito significativos, assim como para a sua genitora, com abalo moral e psicológico. Houve afronta às normas oriundas da ordem jurídica constitucional, infraconstitucional e, sobretudo, de normas e compromissos internacionais, ensejando o dever de reparação do Estado”, finalizou.


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Ana Luisa Sales é jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia desde 2022, já passou por empresas como ArcelorMittal e Record TV Minas. Atualmente, escreve para as editorias de cidades, saúde e entretenimento