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Condição meteorológica que pode ter feito avião cair em São Paulo se mantém neste sábado (10)

Anac considera esse fenômeno meteorológico como um possível risco às operações aéreas

A Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica indicou neste sábado (10) que há possibilidade de formação gelo severo da altitude de 12mil pés até 20 mil pés em São Paulo, na mesma região em que aconteceu a queda do avião da VoePass que matou 62 pessoas. Essa adversidade meteorológica também foi registrada nessa sexta-feira (9) e é indicada por especialistas um dos fatores que podem ter contribuído para queda do voo 2883.

No dia do acidente, a instituição emitiu um alerta para formação de gelo severa da altitude de 12mil pés a 21mil pés.

Essa condição é considerada pela Agência Nacional de Aviação como um fenômeno meteorológico que pode causar perigo às operações aéreas. Isso porque o gelo altera a aerodinâmica das superfícies de sustentação dos aviões e prejudica a estabilidade das aeronaves no ar. “O gelo pode se acumular nas superfícies expostas da aeronave, aumentando o seu peso e a sua resistência ao avanço, ocasionando maior superfície de contato com o ar”, explica a Anac.

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Queda do avião

Apesar de ser um fenômeno que pode contribuir para a queda de aviões, ainda é cedo para identificar a real causa do acidente. A Força Aérea Brasileira enviou peritos ao local, por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), para investigar as causas do ocorrido.

Segundo Leonardo Gomes, professor de Aviação Civil da Una Linha Verde e especialista em segurança de voo, esse tipo de ocorrência pode, sim, influenciar no funcionamento da aeronave e causar o movimento chamado ‘parafuso chato’. Ele explica que essa é “uma situação que a aeronave cai, mas o nariz não fica tão embaixo, ficando um pouco abaixo da linha do horizonte e parece mais um giro, como se estivesse em um plano horizontal”, conforme explicou Deusdedhit Reis, especialista em segurança de voo, ao Chamada Geral, da Itatiaia.

“Uma condição de gelo altera o formato da asa, altera a aerodinâmica da asa, que é exatamente o formato aerodinâmico e área da asa que faz aeronave voar. Então há uma perda de sustentação, e uma pequena curva pode levar aeronave a entrar em parafuso chato. Pode, é uma possibilidade que nós estamos falando. Nós não podemos alegar neste momento nenhum fator que levou à causa do acidente. São apenas possibilidades”, explicou Gomes.

Uma forma de desviar da formação de gelo severo é mudar a rota e ir para outro lugar onde não há essa condição, de acordo com o professor. O avião da VoePass iria de Cascavel-PR a Guarulhos-SP. Nos últimos 60 segundos de voo, o transponder transmitia uma velocidade vertical de 8 a 24 mil pés negativos por minuto (2438 a 7315 metros).

*Com informações de Maria Fernanda Ramos


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Ana Luisa Sales é jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia desde 2022, já passou por empresas como ArcelorMittal e Record TV Minas. Atualmente, escreve para as editorias de cidades, saúde e entretenimento