Em 2024, as rodovias federais brasileiras voltaram a concentrar os piores índices de segurança viária desde 2018. Levantamento divulgado nesta quarta-feira (10) pela Fundação Dom Cabral (FDC) mostra que o país atingiu o maior volume de acidentes, mortes e feridos graves em seis anos.
O número de ocorrências, que era de 51.753 em 2018, chegou a 56.117 no ano passado. A pandemia havia provocado uma queda temporária em 2020, quando foram registrados 48.416 casos. Porém, desde 2021, o indicador cresce de forma contínua, até alcançar, em 2024, o pico da série histórica analisada, com aumento de 8% em relação a 2018.
Também em 2024 foram contabilizados os maiores totais de mortos e feridos graves: 4.995 óbitos e 15.916 pessoas gravemente machucadas.
As estradas mais perigosas
O estudo identifica um padrão: os trechos com mais acidentes seguem concentrados nas BR-101, BR-116 e BR-381. Para a FDC, isso revela o impacto da relevância logística dessas rotas, o intenso tráfego diário e as limitações de infraestrutura ainda existentes.
O professor Paulo Tarso Vilela, especialista em logística e integrante da equipe responsável pelo estudo, destaca que as BRs 101 e 116 apresentam uma “curva ascendente e consistente” de acidentes. Já a BR-381, historicamente marcada pela alta letalidade e conhecida como “rodovia da morte”, começa a mostrar crescimento no nível de severidade das ocorrências. A via conecta Belo Horizonte a Governador Valadares.
Quando e onde os acidentes acontecem
A pesquisa aponta tendências claras. Ao contrário do senso comum, a maior parte dos acidentes ocorre durante o dia: 54% das ocorrências, contra 35% à noite. O dado é ressaltado pelo coordenador técnico da FDC, professor Ramon César.
O tipo de pista também influencia. Mais da metade dos registros (52,38%) ocorre em estradas de pista simples, cenário comum em várias regiões do país. Pistas duplas concentram 39,53% dos casos, e as múltiplas, 8,09%.