Os dois policiais militares que abordaram de forma violenta adolescentes negros em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro, estão sendo investigados por racismo. As imagens das câmeras corporais dos sargentos, lotados na UPP do Vidigal, estão sendo analisadas pelas Delegacias de Apoio ao Turismo (Deat) e de Crimes Raciais (Decradi).
Os adolescentes abordados são do Canadá, Gabão e Burkina Faso. Eles moram em Brasília, mas estão de férias no Rio, hospedados na casa de um amigo brasileiro e branco, que vive em Ipanema. O Ministério das Relações Exteriores recebeu nesta sexta-feira os Embaixadores do Gabão e de Burkina Faso em Brasília para um pedido formal de desculpas após a abordagem policial. O ministério cobrou do governo do estado uma apuração rigorosa e a responsabilização dos militares envolvidos.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, se manifestou sobre o caso nas redes sociais:
“Já oficiamos a secretaria da Polícia Civil e Polícia Militar no Rio, e estamos em diálogo com o Itamaraty e os ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP), e dos Direitos Humanos e Cidadania(MDHC) para acompanhamento das investigações. Não podemos permitir que a seletividade racial siga sendo critério para abordagens policiais. Precisamos qualificar a segurança pública e proteger nossos jovens da violência. O Plano Juventude Negra Viva (PJNV) é uma política que busca reduzir a violência letal e outras vulnerabilidades sociais que afetam majoritariamente a juventude negra no Brasil”.
O caso aconteceu na quarta-feira (3). As imagens foram registradas por uma câmera de segurança. Cinco adolescentes, filhos de diplomatas, sendo dois brancos brasileiros e três negros estrangeiros, estavam andando pela calçada quando policiais militares desembarcaram de uma viatura e apontaram as armas para o grupo. Os jovens foram levados pelos policiais para dentro de um prédio onde um deles mora e revistados. Um dos adolescentes abordados, que é branco, disse que a truculência foi bem maior com os jovens negros. A corregedoria da PM informou que instaurou um procedimento para apurar o caso.