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Peeling de fenol: farmacêutica que criou curso online será investigada pela polícia

Daniele Stuart será investigada por exercício ilegal da medicina; Natália Becker, dona da clínica onde um empresário morreu, diz que aprendeu procedimento no curso

Defesa de Daniele afirma que Natália Becker usou o nome dela para aparentar ter credibilidade

A Polícia Civil do Paraná investiga a farmacêutica Daniele Stuart por exercício ilegal da medicina. A suspeita é a criadora do curso de peeling de fenol feito pela influenciadora Natália Becker, dona da clínica onde o empresário Henrique Chagas, de 27 anos, morreu. A polícia apura se Daniele também aplicou o procedimento em pacientes e se ela falsificou documentos para emitir os certificados dos cursos disponibilizados pela internet.

Em depoimento, Natália havia contado que aprendeu a fazer o peeling de fenol com o curso “Aula de Peeling de Fenol Atenuado”, ministrado pela farmacêutica bioquímica Daniele Stuart. No dia 3 de maio, o empresário se submeteu ao procedimento na clínica da influenciadora, mas não resistiu.

A defesa de Daniele afirma que a Natália não seguiu o protocolo ensinado pela farmacêutica. Segundo o advogado de Daniele, Jeffrey Chiquini, a influenciadora terminou o curso no dia 8 de maio, cinco dias após a morte de Henrique. Ele ainda alega que Natália pode ter assistido as aulas apenas depois da morte do empresário, já que o curso tinha seis horas de duração.

“Todos os procedimentos que aquela senhora fez não condizem com o curso fornecido pela doutora Daniele. A doutora Daniele é habilitada para atuar na área. A questão é, é muito injusto, irresponsável, precipitado tentar vincular a imagem da doutora Daniele com este caso. Não há nexo causal algum entre o curso da doutora Daniele com a morte daquela vítima”, afirmou o advogado em entrevista coletiva.

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O curso feito por Natália estava disponível na Hotmart, uma plataforma de cursos online, e mais de 1.100 pessoas já haviam começado a assistir às aulas. Ele foi retirado do ar nessa semana.

Em nota à Itatiaia, a Polícia Civil do Paraná disse que Daniele atuava em Curitiba e será ouvida nos próximos dias. “As apurações da PCPR tiveram início após informações veiculadas pela Polícia Civil de São Paulo (PCSP). Conforme apurado, a mulher teria vendido o curso à dona da clínica que aplicou a técnica em um empresário, no dia 3 de junho, em São Paulo, resultando em sua morte”, informou.

Relembre o caso

Henrique Chagas morreu no último dia 3, após realizar procedimento estético chamado peeling de fenol em uma clínica na capital paulista. O namorado dele disse em depoimento que ele queria limpar manchas na pele e vinha pesquisando havia alguns meses sobre a técnica.

Natália Becker prestou depoimento à polícia dois dias depois do caso, na última quarta (5). Ela foi indiciada por homicídio com dolo eventual, quando não há a intenção de matar.

O marido dela, que também é sócio da clínica, disse à polícia que o peeling de fenol é um procedimento simples e que não exige exames prévios. O preparo, segundo ele, acontece no dia, com a limpeza do rosto e aplicação de anestésico antes do fenol. Por ser ácida, a substância provoca descamação da pele.

Peeling de fenol: o que sabemos sobre a morte do empresário após procedimento | CNN Brasil

“A polícia entende, neste momento, que foi cometido o crime de homicídio doloso, não pelo fato de a autora ter tido vontade do resultado, mas por ter aceitado o risco de ter produzido a morte”, disse o delegado Eduardo Luiz Ferreira. A defesa de Natália diz que aguarda o laudo dos exames que determinarão a causa da morte do empresário.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) alerta que o peeling de fenol em áreas extensas da face é um procedimento estético invasivo, considerado agressivo. Segundo a entidade, ele deve ser realizado por médicos dermatologistas habilitados, em ambiente hospitalar e com o paciente anestesiado, além de contar com monitoramento cardíaco. Isso porque há um risco de toxicidade e possíveis arritmias causadas pela dor intensa provocada pelo método.


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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.