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Pai de menina encontrada morta em lixeira desabafa em velório: ‘não sei como vou viver’

Sophia Ângelo Veloso da Silva, de 11 anos, foi morta com 35 facadas; autor jogou o corpo da menina em lixeira para que ele fosse triturado

Sophia teve o corpo jogado na caçamba de um caminhão de lixo

O pai de Sophia Ângelo Veloso da Silva, de 11 anos, encontrada morta dentro de uma lixeira no Rio de Janeiro, desabafou sobre a perda da filha durante o velório da menina nessa quinta-feira (30). À imprensa, o expedidor de voo Paulo Sérgio da Silva disse que poder enterrar a filha com dignidade o conforta. A criança foi morta com 35 facadas pelo irmão da sua ex-madrasta, Edilson Amorim dos Santos Filho, que está preso após confessar o crime.

“Está dolorido, estou destruído. Ele não merece perdão. Todo mundo amava a minha filha. Ele arrancou uma parte de mim. É um buraco que ficou no meu peito que vai demorar para ser tampado, se é que será tampado”, disse Paulo em entrevista ao g1.

“Eu não sei como eu vou viver. Estou tentando ficar de pé, mas não sei como vou fazer. Ele destruiu a minha vida. A gente só vivia rindo. Ela chegava nos lugares e passava o amor que ela tinha para os outros, estava sempre com aquele sorrisão no rosto”, acrescentou.

Diário encontrado

Paulo contou que encontrou o diário da menina após a sua morte. Nos escritos, a filha descreveu detalhes de como iria morrer. “Ela colocou as possíveis mortes lá e dizia homicídio e estupro. Toda a morte que ela teve ela já sabia de alguma forma que isso aconteceria. Eu não sei há quanto tempo isso estava lá. Foi meu filho e minha esposa que encontraram. Hoje eu sou um pai acabado. Ele não tinha esse direito”, lamentou o pai.

Com o achado, a família suspeita que a menina já estava sendo vítima do abusador há mais tempo. No dia em que o corpo de Sophia foi encontrado, os parentes da menina foram até a delegacia. Lá, uma sobrinha do suspeito revelou que havia sido abusada pelo tio quando tinha 16 anos. Hoje, com 22, ela conta que a mãe não denunciou o crime na época para poupar a avó, que já era de idade.

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O crime

Na segunda-feira (27), Sophia Ângelo, de 11 anos, seguia para escola a pé, no bairro Moneró, na Ilha do Governador, quando desapareceu. Ao descobrir que a filha não tinha tinha ido a aula, o pai da vítima comunicou o desaparecimento da menor a polícia, relatando que ela foi para a escola por volta das 7h, mas não chegou ao seu destino.

Ele refez o trajeto da criança e conseguiu uma imagem de uma câmera de um comércio onde mostra Sophia ao lado de um homem. Ao ver as imagens, o pai da menina reconheceu que o homem preso é irmão de uma ex-companheira dele.

Horas antes de Edilson ser preso, a polícia encontrou o corpo de Sophia na caçamba de um caminhão de lixo, enrolado em uma lona, com mãos e pés amarrados com fios e com diversas lesões.

Edilson foi localizado na madrugada de terça-feira (28), na casa da mãe e levado à delegacia. Durante perícia na casa do suspeito, os agentes da delegacia da 37ª DP (Ilha do Governador) encontraram uma faca e uma chave de fenda torta, escondida em um buraco e com indícios de sangue, além de vestígios de sangue no banheiro.

Na delegacia, o acusado confessou a autoria dos crimes, afirmando que chegou a passar a mão na vítima. Ele contou que usou uma faca que possuía em casa para matar a menina, para evitar que ela contasse sobre o fato para alguém.

Após cometer o assassinato, o acusado disse ainda que amarrou as mãos e os braços da vitima com fios elétricos e enrolou ocorpo da criança em uma lona azul e depois, utilizando um carrinho de obras, colocou o corpo em uma caçamba de lixo compactadora.

De acordo com o delegado Felipe Santoro, titular da 37 DP (Ilha do Governador), o acusado decidiu dispensar o corpo em um caçamba de lixo para garantir sua impunidade pelos crimes, já que o lixo seria triturado numa usina e, dessa forma, seria muito difícil a sua localização e identificação.

Edilson foi autuado em flagrante pelos crimes de homicídio qualificado, estupro de vulnerável e ocultação de cadáver e será encaminhado a audiência de custodia.


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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.