Na manhã desta segunda-feira (23),
Segundo o levantamento “Raio-X de 20 anos de ataques a escolas no Brasil”, realizado pelo Instituto da Paz, o primeiro ataque em uma instituição de ensino brasileira aconteceu em Salvador, na Bahia, em 2002. Desde então, 29 atentados em escolas fizeram 151 vítimas no país, entre fatais e não fatais. Antes considerados eventos raros, o número de ataques aumentou consideravelmente nos últimos quatro anos - 22 dos 29 já registrados, ou 75%, aconteceram a partir de 2019.
Ataque em SP é o segundo em outubro
São Paulo é o estado com o maior número de atentados. Foram oito nos últimos 20 anos. Em segundo lugar, aparecem empatados, com dois ataques, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Ceará, Santa Catarina, Paraná e Goiás.
O ataque a tiros em uma escola de São Paulo, nesta segunda, é o segundo atendado do mês.
Autores são jovens do sexo masculino
Considerando os ataques até abril de 2023, a pesquisa revela que 88% dos eventos foi cometido por apenas um autor. Na maioria dos casos, há uma relação direta entre o agressor e a instituição de ensino: 59% são alunos e 33% são ex-alunos. Apenas em 7% dos ataques, o autor não tinha nenhuma ligação com a escola. O estudo ainda verificou que todos os autores são do sexo masculino, com idade média de 16 anos.
Para o especialista em segurança pública, Luiz Felipe Sapori, uma das causas desse recorte de gênero é o bullying sofrido pelos meninos nas escolas. “Geralmente são meninos que passaram por experiencias de perseguição e exclusão na escola. Isso porque, normalmente, os jovem do sexo masculino são quem fazem mais bullying com os seus pares. Isso gera no jovem um trauma, que somado a outros traumas familiares, gera uma personalidade agressiva e um desejo de vingança”, explica.
O relatório “O Extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às escolas e alternativas para a ação governamental”, citado no levantamento, cita a influência das redes sociais nos ataques. “Frustração sexual e raiva do mundo, dentre outros processos típicos da adolescência, são mobilizados em espaços de discussão online de extrema-direita onde muitos desses jovens se reúnem para desabafar das frustrações e confraternizar. Não à toa, mulheres são alvos frequentes de atiradores em massa”, conclui.
Arma de fogo foi usada em 46% dos ataques
Ainda em relação aos ataques até abril de 2023, 46% foram realizados com arma de fogo e 42% com arma branca. Outros artefatos como armas de pressão, balestras e explosivos também foram utilizados. O estudo conclui que apesar do uso da arma de fogo estar praticamente equiparado ao da arma branca, o seu uso gera mais vítimas.
Para Sapori, o fácil acesso ao armamento oportuniza a ação dos agressores. “A disponibilidade de armas de fogo é apenas um elemento que oportuniza o cometimento do ato, mas não o determina. No caso de Poços de Caldas, por exemplo, o ataque foi realizado com uma arma branca. Não podemos dizer que a arma de fogo causa ataques deste tipo, mas é um fator de risco”, explica o especialista.