No início da tarde desta quinta-feira (6), a Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa) confirmou que havia
O
A médica Gabriela Araújo, infectologista pediátrica e diretora da Sociedade Mineira de Pediatria, duvida que a vacina contra a poliomielite seja a causadora direta do quadro da criança, e explica o que pode ter causado a paralisia flácida aguda.
“São várias as causas para a paralisia flácida aguda. A poliomielite é uma delas, assim como a síndrome de Guillain-Barré, que pode ser uma reação adversa rara da vacina. Algumas doenças neurodegenerativas também podem causar a paralisia, assim como o botulismo, que é aquela doença relacionada ao consumo de toxina de uma bactéria no mel”.
Quais os sintomas e como se trata a paralisia flácida aguda?
A paralisia flácida aguda é caracterizada pela perda da força de contração dos músculos. A criança de 3 anos no Pará, por exemplo, perdeu as forças das pernas e está com dificuldades para andar. Gabriela Araújo explica os sintomas:
“De repente, subitamente, você perde a força de contração dos seus músculos. Então, por exemplo, você não consegue mais ficar em pé, ou dependendo do músculo pode afetar os braços. Se pegar musculatura respiratória, você vai precisar de ajuda para respirar. Então dependendo do grupo muscular que for afetado, você vai ter os sintomas de perda de força de contração muscular do grupo afetado”.
O tratamento, segundo Gabriela, é feito a partir do suporte à musculatura afetada juntamente ao combate ao fator causador. “Tem que tratar a causa, se for possível de tratar. Botulismo, por exemplo, a gente pode tratar, né? Algumas doenças a gente não tem como tratar, como a pólio”. Por isso, a vacinação contra a poliomielite é uma das principais prevenções, “a pólio a gente evita vacinando, não tem jeito”.
Quadro sobre constante vigilância e papel da vacinação
Assim como aconteceu no Pará, todo caso de paralisia flácida aguda precisa ser comunicado ao Ministério da Saúde para análise e acompanhamento, já que não é comum.
“Um caso de paralisia flácida aguda tem que ser notificado para investigação. Vários, ou a maioria, não serão poliomielite, vão ser outras doenças, mas justamente pra não ficar atrasando uma investigação de um possível caso de pólio é que a gente notifica antes de ter certeza da causa”, explica Gabriela.
O Brasil não registra casos de paralisia infantil, causada pelo vírus selvagem da pólio, desde 1989. O principal motivo para a erradicação da doença é a vacinação em massa – a cobertura vacinal, no entanto, tem caído nos últimos anos.
Atualmente, a cobertura em Belo Horizonte contra paralisia infantil é de 72% do público alvo, cerca de 104 mil crianças. A meta do Ministério da Saúde, entretanto, é de 95%. A última vez que o país atingiu a taxa, segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), foi em 2015, quando a cobertura foi de 98,29% das crianças nascidas naquele ano.
Em 2016, a cobertura caiu para menos de 90%, chegando a 84,19% em 2019. Um ano depois, em 2020, a pandemia da covid-19 impactou diretamente na cobertura vacinal da Poliomielite, que imunizou apenas 76,15% dos bebês naquele ano. Em 2021 o percentual ficou abaixo de 70% pela primeira vez na história, com 69,9%, mas alguns dados ainda podem ser lançados no sistema. Com este dados, é possível inferir que três em cada 10 crianças brasileiras não foram vacinadas contra a paralisia infantil.
Na capital mineira, crianças de 1 a 4 anos podem se