Inspeção fitossanitária mantém tabaco gaúcho apto a atender mercados mais exigentes

Fiscalizações nas lavouras do RS seguem sem registros de mofo azul ou Orobanche e garantem acesso do produto a destinos que exigem auditoria a campo

Brasil possui um acordo bilateral com a China

Desde 2014, fiscais estaduais agropecuários do Departamento de Defesa Vegetal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDV/Seapi) fazem inspeção fitossanitária nas lavouras de tabaco do Rio Grande do Sul no período entre outubro e fevereiro. A finalidade é auditar o trabalho realizado pelas empresas fumageiras e verificar se existe ou não a presença de sintomas do fungo Peronospora tabacina (popularmente conhecido como mofo azul por apresentar um tom azulado).

Segundo a chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal do DDV, Deise Riffel, também é verificada a ausência da planta daninha Orobanche (praga quarentenária nunca encontrada no Brasil). “Esse trabalho permite a exportação do tabaco brasileiro não só para a China, mas também para outros países que exigem inspeção a campo, como Azerbaijão, Iêmen, Jordânia, Nigéria, Trinidad e Tobago e Uzbequistão”, explicou.

O Brasil possui um acordo bilateral com a China, que prevê o acompanhamento das lavouras de tabaco por inspetores das empresas fumageiras. Anualmente, elas enviam a listagem dos produtores com os quais têm a parceria ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o qual tem que inspecionar parte dessas lavouras.

Coleta de amostras

Deise conta que também é realizado o trabalho de coleta de amostras para análise laboratorial. “Isso ocorre após a comercialização pelo produtor. Um fiscal estadual agropecuário coleta amostra direto na indústria; essa amostra vai para um laboratório oficial que emite laudo atestando a ausência de determinadas pragas conforme o país importador”, enfatizou. “Esse nosso trabalho permite o acesso a diversos mercados internacionais, proporcionando renda a várias famílias que exploram pequenas parcelas de terra em diferentes regiões do Estado. No ciclo passado da cultura, foram inspecionadas 268 propriedades em 41 municípios”.

De acordo com Deise, em 2023 e 2024, foram coletadas 387 amostras, representando mais de 19 mil toneladas de tabaco e movimentando cerca de US$ 107 milhões. Até setembro deste ano, já foram coletadas e analisadas 50 amostras, com uma movimentação estimada em US$ 20 milhões.

Recentemente, os fiscais estiveram no município de Sertão Santana, onde realizaram oito inspeções. “Nesse ciclo, já foram inspecionadas 134 propriedades em 27 municípios. E não encontramos sintomas do mofo azul, nem a presença da planta daninha Orobanche”, contabilizou a chefe da divisão.

Tabaco gaúcho

O tabaco é um dos pilares da economia do Rio Grande do Sul, especialmente em regiões produtoras como o Vale do Rio Pardo. No primeiro trimestre de 2025, o setor movimentou mais de US$ 660 milhões em exportações e gerou mais de 10 mil empregos formais, segundo dados do governo estadual.

A cadeia produtiva envolve cerca de 70 mil produtores, distribuídos em mais de 200 municípios, destacando-se não apenas pela geração de renda, mas também pela capacidade de manter as famílias no campo, promovendo a sustentabilidade rural.

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*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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