Colheita do trigo no RS chega ao fim com alta produtividade, apesar de perdas por chuvas

Estado confirma produção acima de 3,4 milhões de toneladas

Área cultivada de trigo no estado está estimada em 1.154.284 hectares

A colheita do trigo no Rio Grande do Sul está em finalização, restando apenas 1% por colher nas áreas localizadas em altitudes elevadas do Planalto e dos Campos de Cima da Serra. Segundo o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (11), a produtividade média regional está elevada, próxima a 3.800 kg/ha, com PH geralmente acima de 80 kg/hl. As melhores lavouras alcançaram 6.000 kg/ha.

A área cultivada de trigo no estado está estimada em 1.154.284 hectares, com a produção alcançando 3.437.785 toneladas. A produtividade média final, estimada pela Emater/RS-Ascar, é de 3.012 kg/ha, valor semelhante à projeção inicial, realizada no período de semeadura (2.997 kg/ha), e inferior à estimativa intermediária de outubro (3.261 kg/ha), quando as lavouras apresentaram melhor potencial produtivo.

A redução final se deve principalmente às chuvas ocorridas na transição de outubro para novembro, que coincidiram com o avanço da colheita em parte do Estado e provocaram perdas de massa e de qualidade dos grãos. Além disso, os efeitos da maior incidência de doenças fúngicas, especialmente a giberela, que atingiu parte das espigas, reduziu o volume efetivamente colhido.

No estado, houve diferenças significativas nas produtividades do trigo em decorrência das condições climáticas e dos níveis de investimento tecnológico, resultando em faixas distintas de rendimento. As zonas de maior rendimento, situadas acima de 3.500 kg/ha, abrangem as regiões administrativas da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, Passo Fundo e Erechim, onde as características ambientais locais e o manejo com maior uso de insumos permitiram preservar o potencial produtivo.

Na faixa intermediária, entre 2.700 kg/ha e 3.300 kg/ha, estão as de Frederico Westphalen, Ijuí, Lajeado, Pelotas, Santa Maria, Santa Rosa e Soledade, que registraram produtividade satisfatória, mas maior variabilidade em função da interferência moderada das chuvas e do manejo fitossanitário. Já a faixa de menor produtividade, abaixo de 2.500 kg/ha, incluí as regiões de Bagé e Porto Alegre, sendo a primeira mais afetada pela instabilidade climática, especialmente na Fronteira Oeste e a metropolitana, tradicionalmente por menores investimentos em insumos.

Outros grãos

A colheita da aveia-branca foi concluída no Estado, com o desempenho da safra mantendo-se próximo ao esperado. A qualidade física dos grãos é elevada, com PH dentro dos padrões. Houve apenas perdas localizadas por excesso de chuva na implantação ou por geadas em lavouras mais precoces. A área de aveia-branca projetada pela Emater/RS-Ascar é de 398.885 hectares, e a produtividade final, de 2.404 kg/ha, totalizando 958.938 toneladas produzidas.

A colheita da canola também está concluída no Estado. A produtividade média final está estimada em 1.644 kg/ha, apresentando leve redução em relação às expectativas iniciais em função de falhas de estande e dos processos erosivos decorrentes de eventos climáticos adversos durante o estabelecimento das lavouras. A área cultivada totaliza 176.076 hectares, segundo levantamento realizado pela Emater/RS-Ascar, e a produção, 289.445 toneladas.

Já a colheita da cevada se encontra tecnicamente concluída no Estado, restando apenas áreas pontuais nos Campos de Cima da Serra, que somam cerca de 300 hectares, mas não alteram estatisticamente os resultados. Os rendimentos da Safra 2025 foram adequados em produtividade e em qualidade industrial. De modo geral, a qualidade obtida atende às especificações da indústria cervejeira. A Emater/RS-Ascar estima área cultivada em 33.513 hectares e produtividade final em 3.486 kg/ha. A produção está estimada em 110.207 toneladas.

Culturas de Verão

A semeadura da soja foi dificultada até o dia 7 de dezembro em função da acentuada restrição hídrica no solo. O predomínio de temperaturas elevadas, a baixa umidade e a irregularidade das precipitações abreviaram os trabalhos de campo e prejudicaram o estabelecimento das áreas implantadas de forma tardia, especialmente aquelas conduzidas em condições de solo seco. A área plantada totaliza 76% da projetada.

As lavouras de soja estão em desenvolvimento vegetativo. Para a safra 2025/2026 no Rio Grande do Sul, a projeção da Emater/RS-Ascar indica o cultivo de 6.742.236 hectares e produtividade média de 3.180 kg/ha.

Na cultura do milho, a área semeada permanece em 89%, em razão da persistente escassez de chuvas. A onda de calor intensificou a evapotranspiração e reduziu a umidade do solo. O estresse hídrico atingiu lavouras em todas as fases, com efeito mais marcante nas áreas em estádio reprodutivo (60%), período considerado crítico para a definição de produtividade. Nessas áreas, há perdas no potencial produtivo e na qualidade. Porém, a magnitude das perdas varia conforme a região, as condições de solo e o material genético utilizado.

Nas lavouras de milho irrigadas, o desenvolvimento da cultura está excelente, favorecido pelas temperaturas noturnas, indicando potencial produtivo acima da média. Em áreas de sequeiro, observa-se porte irregular das plantas, associado à competição com azevém e às oscilações climáticas recentes. As lavouras de ciclo hiperprecoce iniciam a fase de maturação fisiológica. A Emater/RS-Ascar estima o cultivo de 785.030 hectares e produtividade de 7.370 kg/ha.

A semeadura do arroz se aproxima do encerramento, favorecida pelo intervalo prolongado de dias ensolarados e pela boa disponibilidade hídrica nos principais sistemas de irrigação. Resta parcela próxima a 5% da área para conclusão.

As lavouras de arroz implantadas no início do período recomendado apresentam estabelecimento uniforme e desenvolvimento vegetativo compatível com o esperado. As mais antigas iniciaram o florescimento, mas o índice está inferior a 1%. A área a ser cultivada está estimada pelo Instituto Riograndense do Arroz (Irga) em 920.081 hectares. A produtividade, em 8.752 kg/ha, segundo a Emater/RS-Ascar.

A semeadura do feijão 1ª safra permanece em torno de 60% da área esperada. A expansão do plantio prevista para o início de dezembro nos Campos de Cima da Serra foi adiada para depois da ocorrência de chuvas. A cultura se encontra 51% em crescimento vegetativo; 19% em floração; 17% em enchimento de grãos; 9% em maturação; e 4% foi colhido.

Em geral, as lavouras de feijão apresentam avanço vegetativo e reprodutivo adequado, mas o estresse hídrico ocasionou perdas de produtividade em algumas regiões, onde a combinação de solo seco e ondas de calor consecutivas desacelerou o desenvolvimento das plantas, provocou abortamento de flores e limitou o pegamento de vagens. A Emater/RS-Ascar projetou área de 26.096 hectares e produtividade média de 1.779 kg/ha.

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*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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