‘GuardeÁgua’ auxilia agricultores do Semiárido na gestão da água

Aplicativo orienta sobre locais adequados para barragens subterrâneas e práticas de manejo do solo e da água, oferecendo suporte técnico gratuito

Sítio com barragem subterrânea e cisterna em Maravilha, Alagoas

Um novo aplicativo chamado ‘GuardeÁgua’ auxilia na identificação de áreas apropriadas à construção de barragem subterrânea, sugestões gerais de práticas de manejo do solo e da água, bem como opções de cultivos apropriados aos locais de plantio. A tecnologia visa auxiliar famílias agricultoras do Semiárido brasileiro e técnicos extensionistas. O lançamento oficial do produto, disponível gratuitamente na loja virtual do Google, será nesta quarta-feira (10), no Sertão alagoano.

Desenvolvido pela Embrapa Solos (RJ), em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), sob liderança da Unidade de Execução de Pesquisa e Desenvolvimento de Recife (UEP Recife), o aplicativo está disponível para Android, na versão beta, além de contar com uma plataforma na versão web.

A barragem subterrânea é uma tecnologia social hídrica já consolidada que facilita a convivência com a seca ao garantir umidade no solo para plantio durante boa parte do ano. Porém, nem todo local é apropriado para a sua construção, e identificar um ponto realmente adequado pode ser um desafio, sobretudo porque nem sempre há condições técnicas que auxiliem nesse processo.

O aplicativo GuardeÁgua foi criado justamente para permitir que técnicos e agricultores tenham em mãos uma ferramenta que torne mais assertivo o processo de identificação de áreas com potencial para implantação, além de sugerir o tipo e o modelo mais apropriados de estrutura.

“O GuardeÁgua também fornece sugestões sobre o manejo da água, do solo e de cultivos agrícolas compatíveis com as características da área avaliada, cabendo à família agricultora, em parceria com os técnicos, decidir o que é melhor para ela. Dessa forma, o aplicativo contribui para o uso eficiente dos recursos naturais e para o fortalecimento da segurança hídrica e alimentar, especialmente em regiões semiáridas”, explicou Flávio Adriano Marques, pesquisador e coordenador técnico da Embrapa Solos UEP Recife.

Respostas a partir de dados simples

Os especialistas explicam que os dados de entrada para o funcionamento do aplicativo referem-se ao solo (textura e profundidade), rocha, declividade, qualidade do solo e da água (salinização), localização da propriedade em relação à nascente e vegetação.

“Com essas informações cadastradas corretamente, o GuardeÁgua é uma excelente ferramenta para planejamento da propriedade rural em locais de instabilidade hídrica, tornando a convivência com a seca mais saudável e produtiva”, explicou Alexandre Barros, pesquisador da Embrapa Solos.

“O aplicativo automatiza uma resposta importante sobre a viabilidade ou não de instalação de uma barragem subterrânea na propriedade rural. Antes dele, muitas vezes, a resposta sobre a viabilidade era fornecida com base no bom senso dos técnicos e técnicas ou agricultores e agricultoras. Agora, essa decisão pode ser lastreada em informações técnicas, evitando instalar essa tecnologia social hídrica em locais inadequados, que levava a prejuízos materiais e de tempo, além de frustração da família”, complementou Antonio Gomes Barbosa, coordenador do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da ASA.

Os pesquisadores da Embrapa lembram que o aplicativo GuardeÁgua complementa o zoneamento das áreas potenciais para construção de barragens subterrâneas no Sertão de Alagoas (ZonBarragem) existente desde 2019, e que fornece informações sobre a viabilidade de instalação de barragens subterrâneas em nível de planejamento regional (escala 1:100.000) para 38 municípios alagoanos.

“O app GuardeÁgua fornece o mesmo tipo de informação, só que em uma escala da propriedade rural, permitindo que o agricultor ou técnico possa tomar a decisão de instalar ou não uma barragem subterrânea em seu sítio. E o aplicativo pode ser utilizado em todo o Semiárido brasileiro”, detalhou Barros.

O aplicativo passou por testes de validação com técnicos e agricultores nos estados de Alagoas (municípios de Mata Grande e Santana do Ipanema), Rio Grande do Norte (Riachuelo e São Paulo do Potengi), Pernambuco (Pesqueira, Arcoverde e Sertânia) e Paraíba (Remígio, Soledade e Solânea).

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*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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