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Você sabe por que as fraudes no azeite são comuns? Conheça as principais adulterações praticadas

O azeite de oliva é o segundo produto alimentar mais fraudado do mundo, atrás apenas do pescado

Mapa intensificou nos últimos anos, suas ações de fiscalização.

Na salada ou como ingrediente imprescindível na preparação de outros pratos, fato é que o azeite de oliva caiu no gosto do brasileiro. Chefs de cozinha e nutricionais concordam que o produto ganhou notoriedade no país a partir da divulgação dos benefícios da dieta mediterrânea, na qual ele é utilizado com abundância.

Hoje, o Brasil é o terceiro maior importador de azeite de oliva do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia. De acordo com o Conselho Oleícola Internacional (International Olive Council, ou IOC, na sigla em inglês), o Brasil importa cerca de 100 mil toneladas métricas de azeite de oliva por ano.

E, com esse aumento no consumo, aumentaram também as fraudes. Atualmente, o azeite de oliva é o segundo produto alimentar mais fraudado do mundo, atrás apenas do pescado.

Fraudes mais comuns 🫒

  • A fraude mais recorrente, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, é a mistura de óleo de soja com corantes e aromatizantes artificiais.
  • Também são encontrados casos de azeite de oliva refinado vendido como azeite extra virgem.
  • Outras vezes, o sumo da azeitona é diluído em outros óleos mais baratos, como o de soja. O fato de eles serem muito parecidos e se misturarem bem ajuda a enganar o consumidor.
  • Com o aperto na fiscalização, o Mapa observou registros de sofisticação das fraudes.

Principais motivações 🫒

O cenário de demanda em alta, escassez do produto, alto valor agregado e preços elevados são apontados como as principais motivações para as adulterações do azeite, assim, oportunidade para que as empresas fraudulentas ampliem suas margens de lucro.

Por esse motivo, o Mapa intensificou nos últimos anos, suas ações de fiscalização. Realizadas em conjunto com outros órgãos, elas resultaram na responsabilização dos comerciantes desonestos e já tiveram um efeito positivo: o registro de quedas no nível de inconformidade desse tipo de produto.

Quatro categorias: o extravirgem, o virgem, o azeite tipo único e o lampante 🫒

Vamos conhecer as características de cada uma:

Extravirgem: É o óleo em seu estado mais puro, com acidez de até 0,8%. As azeitonas são colhidas no momento exato e passam pela maceração e pela prensa em temperatura ambiente. O líquido passa então por alguns processos básicos para retirar impurezas e é engarrafado puro. 🛢️

No azeite virgem, a acidez se encontra acima de 0,8% e até 2% . Aqui, pode ter ocorrido uma 🪔

fermentação das azeitonas, o que causa algumas alterações nos componentes principais do azeite e modifica sua acidez. As azeitonas utilizadas no azeite virgem são submetidas a uma temperatura um pouco mais alta para garantir a retirada de todo o óleo presente no interior dos frutos. 🛢️

Lampante - É o óleo obtido a partir de azeitonas muito fermentadas ou machucadas, cuja acidez supera os 2%. O aspecto é rançoso, e o gosto é forte e desagradável, o que torna o alimento impróprio para consumo humano. Por causa disso, muitas vezes, ele é utilizado como combustível. 🪔

Tipo Único - É o lampante que passou por refinação e alguns processos químicos. Misturado com o azeite virgem, é envasado e vendido, normalmente. 🛢️

Adulterações trazem riscos à saúde? 🫒
Do ponto de vista da saúde, os especialistas entendem que esses óleos adulterados que tentam se passar por azeite não representam risco à saúde. O problema é o consumidor comprar um produto achando que irá usufruir dos vários benefícios que ele oferece, e isso na prática, não acontecer. Vale lembrar que os compostos fenólicos encontrados no azeite extravirgem têm ação anti-inflamatória, antifúngica e antioxidante.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.