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Empresa mineira transforma fumaça em dinheiro e ajuda o meio ambiente

Refinaria mineira produz matéria-prima para produção agrícola, alimentos, cosméticos, combustíveis e até remédios

Mari Emília Rezende, Ceo da Biocarbo

Já imaginou transformar fumaça em dinheiro? A tecnologia utilizada pela empresa Biocarbo, uma biorrefinaria mineira com quase de 30 anos de atuação, usa a fumaça proveniente da carbonização de eucalipto para fazer carvão vegetal, que será usado como matéria-prima para cosméticos, alimentos, remédios e produtos para o campo.

Apenas no ano passado, a Biocarbo faturou R$ 2,5 milhões com a venda de subprodutos da fumaça: extrato pirolenhoso, conhecido como Biopirol, e alcatrão vegetal. “É uma alternativa mais sustentável e econômica no mercado e para o setor do agronegócio, pois é produzido a partir de resíduos agrícolas e florestais”, pontua Maria Emília Rezende, CEO da Biocarbo.

Segundo ela, o Brasil produz cerca de 5 milhões de toneladas de carvão vegetal por ano, e gera, em média, R$ 6 bilhões de faturamento para o setor. Pelas projeções, com a implantação de novas tecnologias, que permitam a produção e o uso de extrato pirolenhoso, o faturamento deste setor pode crescer em mais de R$3 bilhões ao ano.

“Isto representa conferir maior competitividade para a agricultura e para a siderurgia brasileira. Maior faturamento na produção do carvão, implica controle e vantagens no custo de um redutor para o nosso minério ferro, que tem um ciclo de vida extremamente amigável do meio ambiente”, pontua Maria Emilia Rezende.

Em agosto deste ano, a empresa registrou recorde de venda de quase 50 mil litros de Biopirol. Atualmente, na fazenda Santa Helena, em Morada Nova de Minas, onde o extrato pirolenhoso é produzido, a capacidade de produção de 200 mil litros ao mês. Com a nova marca, a Biocarbo estuda a construção de uma nova unidade de produção.

Ano passado faturamos R$ 2,5 milhões, e nossa expectativa é de fechar o ano com R$ 3,5 milhões”, diz.

Atualmente o Biopirol é vendido em Minas e em outros seis estados do Brasil (Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Bahia).


Como funciona o processo de transformar fumaça em dinheiro?

Para a produção desses coprodutos, a Biocarbo faz a despoluição das fumaças dos fornos de carbonização da Fazenda Santa Helena, em Morada Nova de Minas, na região Central do estado. “Com a carbonização do eucalipto, os polímeros constituintes da madeira se quebram, gerando fumaça e o carvão como sólido residual. A fumaça é rica em várias substâncias químicas, assim, o que seria poluição é transformado em produtos valiosos e extremamente rentáveis”, afirma Maria Emilia.

Entre os derivados da fumaça estão o fertilizante natural, quinona (utilizado na produção de remédios contra o câncer), cicloteno (responsável pelo sabor de caramelo de doces), molho de fumaça (que tempera carnes, confere sabor de defumado nos queijos e de bacon nos salgadinhos). Já o piche, extraído do alcatrão, chamado de biopiche, vira asfalto e materiais semelhantes ao plástico e à borracha. “É uma alternativa ao petróleo que pode substituir vários produtos sem prejudicar o meio ambiente”, explica.

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