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Semana Internacional do Café tem visitas de jornalistas estrangeiros a fazendas mineiras

Grupo de 14 correspondentes da China, Japão, Espanha, Alemanha e países árabes visitou propriedades no Cerrado mineiro

Jornalistas estrangeiros durante encontro com representantes da Faemg e CNA

O agro quer se comunicar melhor. Aproveitando a Semana Internacional do Café, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) promoveram hoje (9) um encontro com jornalistas de países como a China, Japão, Alemanha e países árabes. O objetivo foi mostrar para o mundo o comprometimento dos produtores rurais brasileiros com as questões da sustentabilidade.

O presidente da Faemg, Antônio de Salvo, lembrou que o país tem 66,6% de áreas preservadas e 33% de suas áreas agricultáveis são preservadas. “Com todo o respeito aos europeus e asiáticos aqui presentes, mas a Europa não tem 5% de seu território preservado”, falou. De Salvo disse que “há narrativas inverídicas por parte de compradores estrangeiros que querem denegrir a produção rural brasileira, alegando que não temos sustentabilidade. Definitivamente, isso não é verdade”.

Ele disse que a classe confia em sua capacidade produtiva e que vai continuar avançando de forma sustentável, correta, apostando na rastreabilidade de seus produtos, especialmente do café. “As coisas não são fáceis, mas estamos avançando e isso é importante para a melhoria da nossa imagem externa. Queremos ser vistos como os preservadores comprometidos que somos. Bons da porteira pra dentro e muito ruins da porteira pra fora porque comercializamos mal nossos produtos. Precisamos tirar o produtor rural da timidez de suas propriedades, para que ele possa ser mais ágil e corajoso”.

Remuneração dos cafeicultores está aquém

Por outro lado, a assessora técnica da Comissão Nacional do Café da CNA, Raquel Miranda, alertou que a se persistir o cenário de preços baixos do café, em pouco tempo, os cafeicultores estarão na mesma situação de vulnerabilidade vivida pelos produtores de leite. “É fundamental que o produtor tenha uma boa renda, uma boa casa, que possa dar conforto e acesso à educação de qualidade para a família dele. Isso tem que ser assimilado por nossos compradores internacionais. E estamos num momento que isso não está acontecendo. Não podemos ter um mercado exploratório nessa importante commodity mundial”.

Kengo Tanaka, correspondente japonês da agência de notícias Jiji Press, visitou fazendas no Cerrado mineiro e disse ter, de fato, ficado surpreso com o conhecimento e adoção de práticas sustentáveis, inclusive com investimentos maciços na necessidade de neutralização do carbono. Tanka, por sua vez, disse ainda que o mercado japonês busca a segurança alimentar e ama os “sabores, a diversidade e a culinária brasileira”. Perguntando sobre a melhor coisa que comeu no Brasil, ele foi categórico: “Tudo. Absolutamente tudo é muito bom. Eu queria morar aqui só por causa das comidas, das frutas, passando pela feijoada até essa maravilhosa invenção chamada pão de queijo”.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.