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Presidente da CPMI do INSS, Carlos Viana critica STF e cobra celeridade nas investigações

Parlamentar mineiro, que esteve em Ipatinga nesta sexta (26), defende bloqueio de bens de acusados em fraudes contra o INSS e afirma que “corrupção é um absurdo”

O senador Carlos Viana (Podemos-MG) esteve em Ipatinga, no Vale do Aço na manhã desta sexta-feira (26), e reforçou que o trabalho da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), da qual é presidente, tem como um dos objetivos recuperar os valores desviados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), por meio de bloqueio de bens dos envolvidos no esquema.

“Nós temos muito trabalho pela frente para poder buscar esse patrimônio que é do povo brasileiro. Essa corrupção é um absurdo”, frisou Viana em entrevista coletiva na Usipa, antes do evento de comemoração do primeiro ano de implantação do projeto de Esporte e Cidadania no Vale do Aço. “Então essas pessoas esconderam o dinheiro. E nós queremos buscar agora os movimentos de aviões, os jatinhos que transportaram essas pessoas, onde eles foram, no exterior, quais os países que eles visitaram”, continuou o senador.

Dados divulgados pelo governo federal apontam que já foram devolvidos R$ 1,53 bilhão a aposentados e pensionistas que sofreram descontos irregulares em todo o país. Até o momento, 2,46 milhões de beneficiários aderiram ao acordo de ressarcimento, equivalente a 74% do público habilitado (3,33 milhões). Contudo, esses recursos saíram do orçamento público. Para Viana, é fundamental identificar os bens e valores desviados para evitar que a sociedade arque com esse prejuízo.

“À medida que nós conseguimos identificar o patrimônio, como já identificamos do Careca, do seu Maurício Camisotti, do Nelson William, nós vamos conseguir bloquear. E se nós não corrermos, se a gente não não tiver celeridade, nós vamos perder esse dinheiro, porque essas pessoas esconderam esse patrimônio. Ele está em algum lugar, ou está fora do Brasil, ou em algum apartamento, alguma casa em espécie, porque foram sacados, antes da operação da Polícia Federal, foram sacados valores muito altos, quer dizer, há informação de que a operação teria vazado”, explicou o senador.

Prisões no radar

Na quinta-feira (25), a CPMI aprovou o pedido de prisão do advogado Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, suspeito de participar do esquema de descontos ilegais em benefícios previdenciários.

“Quando eu fiz o pedido de prisão para 21 pessoas, o ministro André Mendonça, que está com os inquéritos, imediatamente nos atendeu nos dois primeiros, e eu espero que agora nos atende na prisão do Nelson Willians, que é um advogado bilionário, cujas contas são suspeitas de terem lavado quase R$ 4 bilhões da previdência. Esse dinheiro passou pelo escritório do Nelson, ele vai ter que explicar”, assegurou o senador.

Críticas ao Judiciário

Na coletiva, Viana também afirmou que “é difícil fazer justiça” no Brasil. Ele mencionou supostos vazamentos de operações da Polícia Federal e apontou decisões individuais do Supremo Tribunal Federal (STF) como entraves às investigações.

“E eu quero deixar claro aqui também um outro ponto, como é difícil fazer justiça no Brasil. Como é difícil. A gente começa a chegar perto de uma informação importante, vem um Habeas Corpus do Supremo Tribunal Federal. Eu tenho criticado sim, a legislação diz que a CPMI pode convocar uma testemunha e vem um ministro que dá um habeas corpus dizendo que a testemunha não é obrigada. É contra a lei, está fora da lei. E o que é pior, às vezes você vai observar, a testemunha tem relacionamento contratual com escritórios ligados a parentes de ministros. E isso é que mata a gente do Brasil, essa complicidade em que a gente não consegue vencer essa teia, de amizades e de cumplicidade. A gente precisa começar a separar o que é da legislação, o que é da república e o que é particular. Tá tudo muito misturado em Brasília”, finalizou o parlamentar mineiro.

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