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Estudo comprova a presença do vírus COVID-19 em lágrimas

O estudo foi feito entre 2020 e 2022, o teste ainda está em fase de estudo.

Pesquisa recebeu apoio da Fapesp, por meio de bolsa de iniciação científica.

Uma pesquisa liderada por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) de Bauru, no interior de SP, concluiu que o vírus da Covid-19 pode ser detectado em lágrimas. A descoberta traz dados importantes sobre os protocolos de segurança e também sinaliza a necessidade de proteção para a região dos olhos, principalmente para os profissionais de saúde.

Os testes foram realizados no Hospital das Clínicas (HC) de Bauru, na enfermaria da unidade. Mais de 60 pacientes internados com Covid-19 foram avaliados. Eles passaram por um novo exame com o cotonete de algodão para coleta de lágrimas.

De 47 pacientes analisados, o coronavírus foi detectado em 18,2% das amostras coletadas pelo cotonete e em 12,1% das obtidas por meio de tiras de um exame para avaliar se o olho produz quantidade suficiente de lágrimas.

“ Foi uma coleta adicional, além da coleta de faringe, e pacientes que descem positivo em rinofaringe nós fizemos também a coleta do olho, teste de Schirmer, colocamos um filtro de papel na lágrima mesmo sem chorar ele capta, e também através de um swab”, disse o médico.

Segundo Dr. Luiz Fernando Manzoni, com o resultado da pesquisa é possível afirmar que além da transmissão por partículas líquidas expelidas pela boca ou pelo nariz de uma pessoa infectada, a transmissão também acontece através dos olhos:

“Se uma pessoa contaminada passar a mão nos olhos e tocar em uma pessoa não infectada pode ser muito grande a chance de transmissão.”, afirma o Dro. Luiz Fernando Manzoni.

O exame através da coleta pelas lágrimas não substitui o teste de PCR, método da coleta via faringe. Com os dados da pesquisa é possível aprofundar as informações sobre a transmissão do vírus.

ETAPAS DA PESQUISA

As pesquisas começaram em 2020, a coleta foi em 2021 e 2022 e os resultados foram publicados em artigo no Journal of Clinical Medicine.

O trabalho recebeu apoio da Fapesp, por meio de bolsa de iniciação científica concedida a Luís Expedito Sabage, aluno de graduação, orientando de Lourençone.

“A gente aprimorou os métodos matemáticos e de análise bioquímica, de fluídos, que ainda não eram feitas no Brasil”, explica o estudante.

Os dados foram avaliados em conjunto com o departamento de oftalmologia da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos (EUA), referência na área.

Agora, o grupo de pesquisadores iniciou uma nova linha, com foco na detecção de doenças por meio de testes e exames ligados aos olhos. O objetivo é trabalhar com outros tipos de vírus, além da Covid-19.

“Existem outros vírus ainda pouco estudados no Brasil. Pretendemos nos dedicar a encontrar soluções e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Vamos analisar também outras condições virais que se tornam sistêmicas”, diz o professor.